Friday, May 29, 2009
Wednesday, May 27, 2009
Saturday, May 23, 2009
Friday, May 22, 2009
V. Costa Marques. Poesia (1950)
Pintaram o céu de preto
e vieram-nos dizer
que o céu era mesmo preto,
mas nós não quizemos crer,
E, uns sobre os ombros dos outros,
fomos subindo, subindo,
até que ao alto chegou
um camarada qualquer
que não sei se tinha vindo
se do norte se do sul.
E o camarada qualquer
cuspiu nas mãos, esfregou
e no céu negro brotou
um claro rasgão azul.
(V. Costa Marques)
Tuesday, May 19, 2009
Tecto (pouco) falso
"Pouco falso" e com muitos, muitos anos...
O Dono do Restaurante "Novo Império", na cidade do Huambo, em Angola,agradece todas as visitas (especialmente de arquitectos) e recebe "como ninguém"!
Fotografias: Gad. Huambo, Abril 2009.
Labels:
Angola,
Arquitectura,
Divulgação,
Huambo
Monday, May 18, 2009
Saturday, May 16, 2009
Envelhecer
Na manhã da existência, ouvindo o peito,
que previa teu vulto no caminho,
dentro em minha alma levantei teu ninho,
e, nesse ninho, preparei teu leito.
Desceu a tarde, e ainda me viu sozinho.
Murcham as flores, que, de leve, ajeito;
de novas rosas tua colcha enfeito,
e o travesseiro, novamente, alinho.
Cai, tristonho, o crepúsculo, na estrada.
Alongo os olhos, atirando um beijo
à forma vaga do teu corpo… E nada!
Recomponho as palavras que não disse
.E, apagando a candeia do Desejo,
adormeço na noite da Velhice.
(Humberto de Campos)
Thursday, May 14, 2009
hospital Universitario no Huambo - uma obra notável
As minhas "aventuras" profissionais ainda não me tinham levado ao Huambo.
Desta vez tive a felicidade de ficar nessa cidade uns largos dias.
A cidade do Huambo (ex-Nova Lisboa) foi, como é sabido uma das cidades, juntamente com o Kuito e com o Bié, mais martirizadas pela guerra sobretudo pelos confrontos de 1992. A Cidade foi praticamente destruída, parte da população migrou para Luanda e muitos outros ocuparam os edifícios abandonados. Criou-se até um "turismo de guerra" tal o cenário apocaliptíco que ali se desfrutava...
O Governo Angolano, após a tomada do Huambo à UNITA, pôs em execução um plano de reconstrução sério e com resultados apreciáveis.
Hoje, ainda são visíveis as "cicatrizes" das bombas e das balas na pele dos edifícios ou nos muros das casas. No entanto o que mais chama a atenção é a quantidade de edifícios recuperados, reconstruídos e em reconstrução, os espaços públicos impecavelmente cuidados, os jardins diariamente tratados, as estradas refeitas e sobretudo um povo excepcionalmente acolhedor e cívico.
Para quem só conhece o caos de Luanda chegar ao Huambo deve ser como chegar ao céu...
O Transito circula normalmente, civicamente, há táxis, não há a "máfia dos "kandongueiros", não se sente qualquer insegurança, não se sente o fosso social que em Luanda angustia.
E pode-se viver tranquilamente no Huambo como, de resto, em quase todas as cidades das províncias - Lubango, Benguela,Lobito,Soyo,Ondjiva,etc.
Foi neste ambiente que, num dos muitos passeios que dei, me deparei com uma obra de arquitectura notável e impecavelmente recuperada - O Hospital Universitário.
Lembrei-me de Alvar Aalto e do seu Sanatório (Paimo 1929-1933).
Na incerteza do autor deste projecto (as minhas pesquisas ainda não são conclusivas, embora me incline para Vasco vieira Da Costa (agradeço muito qualquer correcção ou informação adicional) publico, por agora apenas as fotografias que fiz nesse dia. Voltarei ao edifício em breve, com mais tempo para visitar o seu interior e, quem sabe, ouvir a história "da casa" contada por um "mais- velho" dali.
Desta vez tive a felicidade de ficar nessa cidade uns largos dias.
A cidade do Huambo (ex-Nova Lisboa) foi, como é sabido uma das cidades, juntamente com o Kuito e com o Bié, mais martirizadas pela guerra sobretudo pelos confrontos de 1992. A Cidade foi praticamente destruída, parte da população migrou para Luanda e muitos outros ocuparam os edifícios abandonados. Criou-se até um "turismo de guerra" tal o cenário apocaliptíco que ali se desfrutava...
O Governo Angolano, após a tomada do Huambo à UNITA, pôs em execução um plano de reconstrução sério e com resultados apreciáveis.
Hoje, ainda são visíveis as "cicatrizes" das bombas e das balas na pele dos edifícios ou nos muros das casas. No entanto o que mais chama a atenção é a quantidade de edifícios recuperados, reconstruídos e em reconstrução, os espaços públicos impecavelmente cuidados, os jardins diariamente tratados, as estradas refeitas e sobretudo um povo excepcionalmente acolhedor e cívico.
Para quem só conhece o caos de Luanda chegar ao Huambo deve ser como chegar ao céu...
O Transito circula normalmente, civicamente, há táxis, não há a "máfia dos "kandongueiros", não se sente qualquer insegurança, não se sente o fosso social que em Luanda angustia.
E pode-se viver tranquilamente no Huambo como, de resto, em quase todas as cidades das províncias - Lubango, Benguela,Lobito,Soyo,Ondjiva,etc.
Foi neste ambiente que, num dos muitos passeios que dei, me deparei com uma obra de arquitectura notável e impecavelmente recuperada - O Hospital Universitário.
Lembrei-me de Alvar Aalto e do seu Sanatório (Paimo 1929-1933).
Na incerteza do autor deste projecto (as minhas pesquisas ainda não são conclusivas, embora me incline para Vasco vieira Da Costa (agradeço muito qualquer correcção ou informação adicional) publico, por agora apenas as fotografias que fiz nesse dia. Voltarei ao edifício em breve, com mais tempo para visitar o seu interior e, quem sabe, ouvir a história "da casa" contada por um "mais- velho" dali.
Fotografias: gad. Huambo, Abril 2009
Monday, May 11, 2009
SEDUTOR
Detalhe de um dos edifícios que mais me marcou na cidade do Huambo. Expressivo nas formas, garrido nas cores é um paradigma daquilo que foi o experimentalismo dos arquitectos portugueses que nas colónias onde encontraram espaço e "clima" para explorarem, em relativa liberdade, as suas ideias modernistas. As marcas das balas e das bombas nas suas paredes lembram que um dia, há pouco tempo, este "sedutor" esteve bem no meio do Inferno.
Sunday, May 10, 2009
Fotografia
Huambo ; já era noite na "Casa Branca" a casa onde viveu o líder histórico da U.N.I.T.A. - Jonas Malheiro Savimbi.
A guerra transformou a casa num templo de escombros, restos de betão e ferro resignados como resignados estão aqueles que ainda a frequentam.
O Poder respeita esse lugar. Mítico para uma parte do povo, enigmático para tantos outros, como eu.
A bandeira desse movimento, outrora inimigo, está hasteada bem no topo do resto que as bombas deixaram.
Entrei na casa, senti que estava lá gente. Senti uma enorme curiosidade mas, simultâneamente senti que estava a profanar um espaço e que não devia.
Friday, May 08, 2009
Visita à Obra - Condomínio Adelaide, Luanda Sul, Angola - Abril 2009
O Conceito, os pressupostos e as diferentes tipologias do conjunto habitacional "Condomínio Adelaide" já foram AQUI descritos e suficientemente ilustrados.
No entanto passou algum tempo entre o Projecto de Execução, o Inicio da Obra e esta minha recente visita.
Em relação ao sítio (Luanda Sul) e mais concretamente ao Plano onde o lote do projecto se insere constatei um desenvolvimento num sentido contrário ao que era suposto.
Luanda Sul surgiu como uma área de expansão da super povoada cidade de Luanda e imaginava-se, por isso, uma vocação para a habitação unifamiliar ou em bandas e todo um conjunto de serviços de apoio. E foi assim que nasceram os primeiros empreendimentos nessa área da cidade; o Condomínio Atlântico foi um dos pioneiros. Vêm-se agora, não longe deste local, construidos ou em construção, edifícios de muitos pisos e dos mais variados "feitios"...
O conceito de condomínio é para mim, e para muita gente, um conceito contraditório num país onde se pretende diminuir as desigualdades e as injustiças sociais. No entanto, o argumento da segurança ainda é determinante sobretudo quando se trata de criar habitação dirigida a classe alta ou aos muitos empresários, técnicos e investidores estrangeiros que procuram fixar-se em Luanda. O "Condomínio privado" parece-me, portanto, incontornável nos anos mais próximos..
A questão neste caso passou mais por criar um conceito diferente de condomínio.
Resumindo: Abdicar de uma enorme faixa central do terreno para aí fazer um parque ajardinado que pode ser acedido a partir de qualquer jardim das habitações privadas;
Limitar a circulação dos automóveis à periferia do lote, criando uma via de circulação a partir da qual se acede directamente às garagens das habitações;
Propor duas tipologias de base (uma em banda e uma de moradias isoladas) possibilitando formas de habitar distintas.
Criar espaços comuns de lazer.
Relativamente ao projecto de Execução houve a necessidade de converter o edifício denominado C.D.02 numa tipologia de habitação semelhante às restantes da banda "C", sendo trabalhada como remate de topo desse corpo.
O volume C.D. 01, próximo da piscina "grande" foi também objecto de uma reformulação com vista a rentabilizar o investimento; passou a manter as funções de cafetaria e sala de condóminos no piso térreo, albergando agora, no piso superior, um sofisticado apartamento com acesso independente a partir da rua.
Segue-se um conjunto de fotografias pela ordem que as tirei na visita que fiz a obra:
No entanto passou algum tempo entre o Projecto de Execução, o Inicio da Obra e esta minha recente visita.
Em relação ao sítio (Luanda Sul) e mais concretamente ao Plano onde o lote do projecto se insere constatei um desenvolvimento num sentido contrário ao que era suposto.
Luanda Sul surgiu como uma área de expansão da super povoada cidade de Luanda e imaginava-se, por isso, uma vocação para a habitação unifamiliar ou em bandas e todo um conjunto de serviços de apoio. E foi assim que nasceram os primeiros empreendimentos nessa área da cidade; o Condomínio Atlântico foi um dos pioneiros. Vêm-se agora, não longe deste local, construidos ou em construção, edifícios de muitos pisos e dos mais variados "feitios"...
O conceito de condomínio é para mim, e para muita gente, um conceito contraditório num país onde se pretende diminuir as desigualdades e as injustiças sociais. No entanto, o argumento da segurança ainda é determinante sobretudo quando se trata de criar habitação dirigida a classe alta ou aos muitos empresários, técnicos e investidores estrangeiros que procuram fixar-se em Luanda. O "Condomínio privado" parece-me, portanto, incontornável nos anos mais próximos..
A questão neste caso passou mais por criar um conceito diferente de condomínio.
Resumindo: Abdicar de uma enorme faixa central do terreno para aí fazer um parque ajardinado que pode ser acedido a partir de qualquer jardim das habitações privadas;
Limitar a circulação dos automóveis à periferia do lote, criando uma via de circulação a partir da qual se acede directamente às garagens das habitações;
Propor duas tipologias de base (uma em banda e uma de moradias isoladas) possibilitando formas de habitar distintas.
Criar espaços comuns de lazer.
Relativamente ao projecto de Execução houve a necessidade de converter o edifício denominado C.D.02 numa tipologia de habitação semelhante às restantes da banda "C", sendo trabalhada como remate de topo desse corpo.
O volume C.D. 01, próximo da piscina "grande" foi também objecto de uma reformulação com vista a rentabilizar o investimento; passou a manter as funções de cafetaria e sala de condóminos no piso térreo, albergando agora, no piso superior, um sofisticado apartamento com acesso independente a partir da rua.
Segue-se um conjunto de fotografias pela ordem que as tirei na visita que fiz a obra:
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