Wednesday, July 29, 2009

Falar à toa




Hoje apetece-me falar "à toa".
Por exemplo das últimas "coisas" aparentadas com arquitectura que vi, e ouvi, na televisão.
Num programa que, não faço questão de ver mas, que deve ser repetido tantas vezes que acabo por "levar com ele".
Acontece que tenho uma televisão no meu escritório, em casa.
Também acontece que me deito tarde, normalmente a fazer "coisas" que nada têm a ver com o curso que os meus pais com muito esforço me ajudaram a fazer...
Seja como for, deito-me muito tarde, com a tv ligada, no escritório e acabo invariávelmente por ver esse programa dedicado à arquitectura de moda- design- e não me lembro mais de quê.
O programa é muito fraquinho...
Em regra, os arquitectos ou arquitectas apresentam-se sempre com o aspecto esteriótipado de arquitectos ou arquitectas.
Um "ar" sofrido, desgastado (e são tão novinhos...), mãos nos bolsos, óculos de massa (pesados), tudo pesado, tudo sofrido...
A senhora que apresenta o programa também não ajuda muito. Faz o que sabe... e não sabe grande coisa para além dos mais hilariantes lugares comuns.
Uma pergunta estúpida merece uma resposta estúpida. Mas nesse programa não. Uma pergunta estúpida é uma pergunta feita num programa de televisão e, por isso, convém aos arquitectos responder com uma pose profissional ainda que, aquilo que digam sejam também conjuntos de palavras igualmente estúpidas.
Mas há excepções e é por isso que eu quis aqui "falar à toa".
Recentemente vi, nesse programa, os meus amigos Diogo Burnay e Cristina Verissímo do atelier (não me lembro mas têm um nome feito de siglas, um pouco à holandesa)com uma obra aqui no meu sítio - Oeiras!
Até me brilharam os olhos!
Por duas razões;
Pela estima que tenho pelos dois, particularmente (e devido ao processo académico) à Cristina, com quem partilhei tempos inesqueciveís no primeiro ano feito no Porto, e pelo programa e contexto em que (pelo que percebi) se inseria o edifício de habitação e não só.
Neste mundo de Oeiras, onde reina Isaltino, só quem é cego é que não sabe como funciona o "sistema" dos projectos oriundos do «Gabinete de ...».
Sabe-se também que Mestre Carrilho da Graça supervisiona os mais de 80 projectos que o dito gabinete têm actualmente em execução.
E isto quem me disse?! Fonte muito segura. Acreditem que mais segura não podia ser.
Continuando a "falar à toa".
Já deixei implícito que o "grande" Carrilho têm um grande tacho na Câmara de Oeiras...
E também não serei preso se disser que o "Gabinete de Estudos e Projectos Especiais" da Câmara de Oeiras é uma enorme e camufulada fonte de sub-empreitadas de projectos a gabinetes do círculo de "conhecimentos" de Mestre Carrilho da Graça.
Por alguma razão nos painéis que sempre informam as obras a que me refiro não consta nenhum autor... apenas o dito gabinete de ...
E, repito, sei exactamente o que digo. (ponto)
O que vi do projecto do Diogo e da Cristina pareceu-me interessante como conceito apesar de muito académico. Promover as relações e a con(vivência)entre parceiros marginalizados através de áreas de circulação amplas e comunicantes, é bonito. Contudo, porventura, esses mesmos indivíduos preferiam ter mais espaço em casa e não ter de aturar os vizinhos que aturam a todas as horas na rua.
Mas até aqui achei tudo bem... idealista, académico, para autarca... ok.
O pior foi quando vi a "cara" do bicho...
É que não dava a "bota com a perdigota".
Há que parar e reflectir.
Sinceramente o digo.
Os edifícios, tenham lá a natureza que tiverem, não podem, não devem ser pensados como se se tratassem de "bolos"...
O que eu quero dizer com isto é que não serve de nada garantir um bom "recheio" , partindo do princípio que é bom, se não se pensou, à partida, no resultado, depois da cozedura.
E depois, quando assim não é, temos uma mayonnaise desfeita. Deslaçada.
Com esta critica não tiro mérito ao projecto/obra referido. Pelo contrário.
Quem me conhece sabe bem que só me dedico a assuntos que me parecem interessantes.
Por exemplo, muito mais interressantes do que as conversas "da trêta" de Souto Moura e Aires Mateus sobre a "LUZ"... Santa paciência...

6 comments:

Pedro Caldeira said...

Não vi o episódio que referes mas já vi alguns e fico sempre com a mesma sensação. Eu que sou arquitecto não percebo o que os arquitectos dizem e falam.
Sempre que vejo programas de arquitectura ou leio revistas de arquitectura fico com a sensação que ou não sei arquitectês ou eles não sabem português.
Um abraço
Pedro Caldeira

alma said...

:)não vejo televisão :)
porque gosto de falar à toa :)

AM said...

raios, e logo falhei esse "epísodio" que parece ter sido um dos poucos com interesse
não há maneira de ver esse projecto dos CVDB (acho que é assim... à holandesa) aí de oeiras?
(que tal umas fotos tuas...)
a posta é muito corajosa
espero que não te traga (mais) dissabores

Gonçalo Afonso Dias said...

Obrigado "PC", "Alma" e "AM"!
Não tenho fotos do edifício mas isso também é irrelevante. eles fizeram o melhor que puderam. Com certeza.
Quanto a di(sabores)é para o lado que eu durmo melhor, pois nada aqui escrevo que não seja verdade e com(provável). Abraços.

Pedro Machado Costa said...

Fotos e desenhos da Unidade Madre Maria Clara, em Oeiras [CVDB] Aqui

simoes said...

Muito boa posta!