Sunday, July 19, 2015

Sismo




Eu tremi, a minha cadeira tremeu, o elevador fez barulho... Achei que estava a "alucinar"...

Thursday, July 09, 2015

"Ser Bombeiro"


Há muito, muito tempo, era eu uma criança e sonhava ser Bombeiro.
Tinha (ainda tenho) um fascínio tão desmedido pelos "soldados da paz" que, um dia, peguei fogo à casa de banho da nossa casa no Lobito porque "queria lá ver os bombeiros!"...
Seguiu-se a merecida "pena"...: a minha mãe pregou-me um "susto" que nunca esquecerei...: na manhã seguinte, á hora de me levar à escola, disse-me para vestir a "estorricada" camisa de noite da minha irmã...
Estava "frito"!... A minha reputação de "rebelde" na Escola Primária Pedro Alexandrino da Cunha estava prestes a ser irremediavelmente arrasada... A chacota era o meu futuro!... Já não ia ser bombeiro - ia ser o "bombo da festa"...
Imperturbável perante as minhas súplicas e indiferente ao olhar dos empregados, a minha mãe levou a "encenação" quase até ao limite... O trajecto de carro até à escola foi a viagem mais agonizante da minha vida!

Já com a escola "à vista" e quando eu já achava que o mundo ia mesmo acabar, a minha mãe parou o seu Renault 10 vermelho escuro. Olhou para mim, disse-me (com certeza) algo de muito grave e sério e inverteu a marcha...
A lição ficou para a vida.
Depois, durante muito tempo, sempre que havia um incêndio nessa bela cidade da minha infância, o meu pai levava-me para assistir!
Uma medida concertada com a minha mãe, claro. Para além de pedagógica fazia-me muito feliz.
Deliciava-me com a actividade daqueles homens, com os carros enormes e com escadas em cima, com as mangueiras a dispararem água sobre as chamas...

Nunca mais deitei fogo a nada.
Não é bem verdade... Muitos anos depois, lá para a década de 80, já na "casa de Cascais" incendiei (desta vez sem querer...) a enorme chaminé da lareira da sala.
A lenha teimava em "pegar" e eu, persistente, ateava folhas de jornal a um ritmo alucinante...

Se no Lobito a "coisa" não chegou ao ponto de ser necessária a presença dos bombeiros, em Cascais foi mesmo... As labaredas saíam pela chaminé iluminando a fachada e o jardim e a sala mudou de cor...
É claro que não "fiquei de castigo" - já era crescido e assumi as consequências da minha enorme teimosia - pintei a sala do branco que ela era.

A minha vida seguiu o seu caminho e não cheguei a ser bombeiro. Fiz um curso industrial de Construção Civil na "Machado de Castro", em Lisboa e depois licenciei-me em arquitectura.
Contudo, a minha admiração pelos bombeiros e por tudo o que lhes diz respeito, manteve-se intacta. A primeira "grande prenda" que dei ao meu filho Tiago foi, nem mais nem menos" do que um gigantesco e completo "carro dos bombeiros"!

Há poucos anos, vivia eu em Santo Amaro de Oeiras, acordei de madrugada com o cheiro inconfundível de um incêndio. Estava a acontecer "ali mesmo"! Vesti qualquer coisa à pressa, peguei na câmara fotográfica e passei a manhã a assistir e a reportar o acontecimento.
Vi o fogo a consumir o telhado de uma moradia, vi os bombeiros a tentarem impedir que aquilo tomasse outras proporções e vi uma família desfeita pela dor... A causa do sinistro - uma senhora de idade que adormeceu de cigarro na boca...
Procurei consolar, sem qualquer sucesso, a família da senhora que, desolada, sentada no passeio frente à casa, assistia ao desmoronar de uma vida.
A água que eu via era, dessa vez, a que corria pela face daquela família.

É horrível "crescer"...
Em puto só via o magnífico espectáculo do fogo...

Curiosamente, detesto o "fogo-de-artifício" por mais requintado e complexo que seja.
Em festas ou nos"fins-de-ano".
Por ser "de artifício", por fazer barulho e por não precisar (em regra) da intervenção dos bombeiros.

Eu tenho dois amores


Eu tenho dois amores - como o "grande" Marco Paulo.
Uma é "vagamente loira", outra é muito morena...
Tenho dupla nacionalidade - sou português e sou angolano.
Mais do que uma burocrática dupla nacionalidade vivi intensamente com as duas - apaixonei-me.
Hoje, porém, não sei de qual delas gosto menos.


Entendo que o "ser", seja o que for, não é um estatuto, algo imutável.
Pelo contrário - "ser" tem para mim uma relação permanente e insofismável com "sentir".
E "não me sinto". Nem uma coisa nem outra, exactamente pela mesma razão - ambas me decepcionaram.
Ambas me "traíram" e traíram as mais profundas razões desse meu sentir.
Uma - a "loira"- disfarça, agora, com uma constrangedora dificuldade, as saudades do "outro" - O Dr. que caiu da cadeira...
A morena já nem disfarça... Deita-se com a arrogância, com os "novos-ricos", com a prepotência de uma geração de canalhas que a está a matar.
E ela parece gostar...
Já não disfarça. Mata também...

Reunião Plenária - Debate sobre o Estado da Nação



Reunião Plenária - Debate sobre o Estado da Nação

Foi hoje.
Ouvi grande parte "daquilo" enquanto fazia "coisas" menos deprimentes.


Ridículo, triste, vazio.
Penoso, mesmo.

Só gostei da parte em que o primeiro-ministro fez de "virgem ofendida"...

Imagine-se! Uma "puta velha" (com o devido respeito pelas putas - velhas ou não) "sentida", ao ser chamada (por um "cliente habitual insatisfeito") de "puta".

Já não há "Nação". Portanto, um debate sobre o "estado" de algo que já não existe era previsivelmente absurdo. E foi.

Foi, sobretudo, uma amostra do nível "rasca" da campanha eleitoral que aí vem.
Governo e Oposição esgrimiram argumentos, nos quais, nem um nem outro, acreditam.

São tão miseravelmente maus que se confundem e confundem os incautos.
Acabou, definitivamente, a geração de políticos (independentemente da cor) com nível, com carisma, com dignidade.
Prolifera agora uma praga de "putos e putas" estúpidos, ignorantes, inexperientes, sem "ponta por onde se lhes pegue"...

Conscientes de que nada valem - ganhem ou percam - limitam-se a tentar justificar os "tachos" - os deles e os das famílias.
"Picam o ponto" com a ligeireza característica dos imbecis, dos acéfalos.

Já "tanto me fazia"...
Há muito que já tinha decidido votar se me viessem pedir - a casa - com elegância, precedida de um "por favor"...
Estou-me, por outro lado, perfeitamente "nas tintas" para aqueles ingénuos argumentos do tipo: "Depois não te podes queixar" ou "pelo menos vota em branco, sempre é uma expressão do teu querer!"

Já "engoli os sapos" que tinha de engolir (o Mário Soares ainda me faz azia...).
Não gosto de Circo e sempre achei que os palhaços eram infelizes.

Recuso-me a escolher um "mal menor" ou a votar "contra não sei o quê"...

Disse.
Como "eles" gostam de dizer...
Depois de "bolsarem".