Refere-se este post à fase de Licenciamento do projecto de um condomínio fechado a construir em Talatona, Luanda Sul no lote de terreno GU 15C, integrado no Plano Piloto Urbanístico em desenvolvimento nesta região, sob a supervisão da EDURB.
2-Caracterização do terreno:
O Lote GU 15C tem uma área de 20.300 m2 e uma pendente suave, estando a cota inferior (cota 20.00 m) no limite Sudeste do terreno, junto à projectada Via VC3, enquanto a sua cota mais elevada (27.50 m) se situa no limite oposto no encontro com a Via VC1, já consolidada e infra-estruturada, que constitui já o acesso viário a este espaço.
O terreno é relativamente árido, pontuado apenas por pequenas árvores ou arbustos sem relevância.
Tem a forma de um rectângulo extenso com aproximadamente 280 x 82 m, estando o seu lado maior orientado no sentido Sudeste/Noroeste.
3- Programa Base/Conceito:
Esta fase de projecto corresponde ao desenvolvimento, maturação e consolidação do programa Preliminar desenvolvido em Janeiro de 2006 e que se fundou num conjunto de pressupostos que a seguir se enunciam;
A construção de um conjunto habitacional em regime de Condomínio Fechado, de elevada qualidade, quer ao nível das tipologias de habitação estudadas como no que respeita ao conjunto, com especial cuidado no tratamento dos espaços exteriores comuns, ajardinados e arborizados e zonas lúdicas do condomínio.
Em síntese a ideia que esteve na base de toda a proposta foi a de criar um conjunto de moradias inseridas num enorme jardim, podendo desse modo usufruir dessa sempre agradável vivência.
Nesse sentido, a presença e a circulação dos automóveis foi pensada de forma a não interferir com a tranquilidade pretendida.
O acesso automóvel às habitações é feito por uma via de sentido duplo que contorna toda a periferia do lote e inclui espaços de estacionamento exterior.
Para reforçar a ideia de separar a circulação automóvel dos espaços verdes comuns (concentrados maioritariamente num parque central com cerca de 3.700 m2) o acesso às garagens das moradias é feito directamente a partir da via periférica, estando essas garagens integradas na volumetria de cada habitação, com acesso directo ao seu interior.
Esta solução, para além da comodidade que oferece aos moradores, reduz e organiza a circulação das viaturas, deixando espaço livre para a movimentação e presença das pessoas, nomeadamente das crianças que, deste modo, poderão usufruir de todas as potencialidades dos jardins e zonas de estar exteriores com toda a segurança.
Propõe-se 29 fogos distribuídos por duas tipologias de habitação distintas, designadas nos desenhos do projecto como “Tipologia A” (com 10 casas isoladas) e “Tipologia B”, em banda, (com um total de 19 casas), e ainda dois edifícios de apoio ao condomínio com a designação “CD 01” e “CD 02”, para além da portaria e controlo de acessos localizada na entrada deste complexo.
O conjunto das tipologias “A” ocupa a faixa Nordeste enquanto a banda de habitações do tipo “B” se alinha na faixa Sudoeste, estando o parque ajardinado entre as duas e com acesso directo a partir de qualquer das moradias.
O edifício “CD 01” remata a banda das tipologias “B”, no topo junto à entrada.
O edifício ”CD 02” remata todo o conjunto e implanta-se numa plataforma de nível, à cota 20.00 m no extremo Sudeste do lote.
A definição dos lotes de terreno e a fixação das plataformas de implantação das casas foi estudada de forma a evitar movimentações de terreno significativas acompanhando o declive natural existente.
Também os aspectos técnicos referentes às distintas especialidades envolvidas tiveram uma importância considerável para o conceito que desenvolvemos e agora apresentamos, e que será depurado e optimizado na fase de projecto subsequente (Projecto de Execução), assim que esta proposta mereça a aprovação das entidades responsáveis.
4- Caracterização das construções:
4.1- Habitação
A opção por duas tipologias de habitação distintas “A” e “B” procura dar resposta a diferentes necessidades espaciais, económicas ou de carácter particular da parte dos potenciais moradores, flexibilizando a oferta e viabilizando o investimento.
Contudo, as duas tipologias assentam num conjunto de pressupostos comum:
- A qualidade e generosidade do espaço interior e a sua relação com as zonas exteriores adjacentes.
- A particularidade do “modo de vida” enraizado em Angola, propiciado pelo seu clima e que se traduz num usufruto dos espaços ao ar livre, tanto no interior do lote como no exterior, muito valorizado nos tempos de lazer e de celebração familiar.
- A flexibilidade funcional das habitações, assegurada à partida por esquemas de circulação e de compartimentação ajustáveis a diferentes necessidades.
- Um sistema construtivo de qualidade, com a utilização de materiais adequados ao clima, duráveis e resistentes ao desgaste.
- A orientação da construção aliada ao ensombramento das fachadas e caixilharias mais expostas, permitindo um equilíbrio térmico passivo, reflectindo-se naturalmente num menor recurso a sistemas mecânicos de tratamento do ar e nos custos que essa sobrecarga inevitavelmente acarreta.
- A preservação da intimidade no interior de cada lote através de um adequado posicionamento dos espaços íntimos e sociais e do afastamento considerável às moradias frontais, reforçado pela mediação natural do parque verde central.
- A criação de um nicho exterior compartimentado para a ligação às várias redes técnicas (armário técnico) junto à rua que dá acesso às casa, facilitando a componente de manutenção, de leitura de contadores e de distribuição a partir dos ramais principais já traçados nesta fase do projecto pelas distintas especialidades envolvidas.
Tipologia “A”
Os lotes de terreno onde se implantam as 10 casas do tipo “A” têm uma configuração próxima de um quadrado com 21 metros de frente e uma área total de 472.50 m2.
O escalonamento entre a cota de soleira de cada lote é de 75 cm acompanhando, como já foi referido, o declive natural do terreno.
A área bruta de cada habitação, é distribuída em dois pisos perfazendo um total de 400,50 m2.
Tipologia “B”
É uma tipologia clássica de ”banda” de habitações.
tipologia “A”, ou seja 10,50 m. A área de terreno destinada a cada casa é de 212,00 m2 e o escalonamento entre as plataformas de implantação corresponde naturalmente a metade do desnível indicado para a anterior tipologia, ie: 37,50 cm.
O alinhamento dos lotes das diferentes tipologias, aliado ao escalonamento gradual entre módulos, proporciona um equilíbrio estético do conjunto com regras métricas e alinhamentos comuns, transpostos também para o desenho do espaço exterior, com mais visibilidade a partir do jardim central.
Igualmente distribuída em dois pisos, a área bruta total de cada casa desta tipologia é de 294,00 m2, igualmente com o espaço de garagem inserido na sua volumetria.
O conceito subjacente a esta tipologia é inspirado no modelo de moradias unifamiliares de 2 pisos e terraço exterior muito recorrente e popular em Angola.
A volumetria proposta procura através da utilização de planos recuados e de diferentes cérceas individualizar cada casa subvertendo o efeito da fachada contínua, definindo por outro lado linhas de cércea comuns, o que evitará o sempre inestético efeito de “degrau” na linha da transição entre cada par de habitações. Esta intenção será reforçada pela utilização cuidadosa da cor, apesar de, nesta fase, a apresentação da maqueta ser esquemática e monocromática
O programa funcional tem um princípio semelhante ao já exposto na descrição da tipologia “A”; os espaços sociais são concentrados no Piso 0 e a zona privada da casa (os quartos) concentram-se no piso superior.
O acesso à moradia poderá ser feito directamente a partir da garagem (também com ligação interior ao hall de entrada) ou pela porta principal junto ao passeio.
A partir do hall de entrada, onde se localiza a instalação sanitária social poderá aceder-se directamente à cozinha, à sala ou ainda ao piso superior através da escada que daí nasce com 3 “degraus de chamada”.
A sala com 35,50 m2 está voltada para um terraço exterior com 50,00 m2 onde, para além de um canteiro periférico se localiza um anexo para o tratamento de roupa e arrumos. A cozinha prolonga-se, do mesmo modo, para esse espaço exterior propondo-se inclusivamente uma bancada em espaço coberto, onde se situa o barbecue.
As refeições ao ar livre serão naturalmente promovidas pela criação destas condições funcionais e de circulação.
O terraço exterior comunica directamente (à semelhança do proposto na tipologia “A”) com o jardim central através de um portão.
No Piso 1 um hall de distribuição comunica com os 3 quartos (2 suites) com áreas confortáveis e com um escritório que poderá ser usado, se necessário, como um quarto suplementar. Todos os compartimentos principais deste piso têm varandas cobertas.
No alinhamento da escada que dá acesso a este piso localiza-se uma porta de acesso restrito, que conduz a uma “escada de bombeiro” para acesso ao pequeno compartimento técnico situado na cobertura.
Dada a configuração destes lotes optou-se, por razões de segurança, por localizar o compartimento técnico na cobertura (que albergará a unidade exterior do sistema “multi-split” e um termoacumulador). A ventilação é mais uma vez garantida através de uma frente totalmente em grelha.
4.2- Edifícios do Condomínio
Edifício “CD 01”
Está localizado no topo Nordoeste da banda de habitações do tipo “B” rematando-a.
É um edifício que serve duas funções distintas uma técnica e uma administrativa. Parte do imóvel, ao nível do Piso 0, acomoda a central técnica que suportará todo o empreendimento onde prepondera o grupo Gerador de grande capacidade.
O compartimento onde este grupo se localiza será totalmente isolado acusticamente e ventilado através de uma grelha, ao pátio exterior anexo e ainda por meios mecânicos a implementar.
No piso 1, ao lado do secretariado e com uma vista ampla sobre o jardim localiza-se a Sala de Reuniões dos Condóminos.
Um conjunto de Instalações Sanitárias, junto ao elevador, apoiará este espaço que, em dias de reunião será bastante frequentado.
Formalmente, este edifício foi pensado de modo a integrar-se na banda de habitações que remata, mas a ter simultaneamente uma presença mais “institucional” que o distingue e lhe confere uma maior visibilidade a partir da entrada no condomínio.
Edifício “CD 02”
Implantado numa plataforma de nível, à cota 20.00 m, no extremo Sudeste do empreendimento este edifício integra um conjunto de equipamentos exteriores de carácter lúdico que servirão todos os condóminos, nomeadamente uma piscina de 18 x 12 metros e uma piscina circular com 2,5 m de diâmetro para uso das crianças mais pequenas, ambas apoiadas por balneários e zonas de estar.
Será, pelas suas características, funcionalidades e localização, o ponto de encontro de reunião e convívio de todos os moradores deste condomínio bem como dos seus convidados.
O programa para o edifício é organizado em dois pisos, ligados por uma zona de pé direito duplo.
O Piso 0, ao nível da zona das piscinas, é dominado por uma cafetaria, com uma sala interior que explora o referido pé-direito, o que lhe conferirá um acrescido significado.
Esta cafetaria com uma área total de 61.70 m2 é servida por uma área de balcão e cozinha com capacidade para todos os equipamentos de restauração recorrentes nestes programas.
Prolonga-se para o exterior através de uma esplanada com pavimento em madeira (deck) onde a visibilidade sobre a zona das piscinas será total o que constituirá um atractivo e uma mais valia para quem usufrui deste serviço.
Ainda neste piso, e integrada na área de serviço da cafetaria, localizámos os vestiários e balneários exclusivos dos funcionários.
As Instalações Sanitárias dos utentes estão posicionadas de forma a não interferirem com as circulações de serviço e a terem um acesso fácil mais discreto a partir da sala.
No topo do edifício oposto à sala criámos um pátio ao ar livre com comunicação para a via exterior (através de um grande portão) o que permitirá a entrada independente dos funcionários, as operações de lavagem de estrados e equipamentos, bem como as cargas/descargas de uma forma directa sem colidir com o funcionamento deste equipamento nem com a tranquilidade dos seus clientes.
O acesso ao Piso 1 poderá ser feito através de uma escada, localizada no alinhamento da entrada principal da cafetaria ou ainda pelo elevador posicionado na mesma zona.
Estes acessos ao piso superior, pela sua localização não colidem em circunstância alguma com o movimento natural da cafetaria.
No Piso 1 e com visibilidade sobre a sala da cafetaria através do pé-direito duplo, funcionará um espaço mais contido dedicado aos jogos de mesa (snooker, ping-pong, cartas e xadrez, por exº). Esta sala com 77,00 m2 e um pé-direito elevado, prolonga-se também para uma varanda/esplanada exterior através de uma ponte que rasga o espaço central de maior pé-direito.
Dessa grande varanda contempla-se toda a área exterior lúdica dominada pela piscina e pela frescura que a presença da água sempre transmite.
Por fim, é de referir que se prevê a instalação de obras de arte de diversos artistas angolanos tanto nos espaços interiores mais nobres como nos ambientes exteriores mais relevantes.
Tratamento dos Espaços Exteriores
Como foi já referido, todo o conceito deste projecto parte de uma valorização dos espaços exteriores na certeza de que essa premissa marcará a diferença e valorizará o ambiente e o modo de vida no interior deste conjunto habitacional.
A importância que as zonas verdes, arborizadas ou relvadas assumem nesta proposta (quer no interior dos lotes, quer no espaço exterior comum) extravasa as intenções já transpostas para os desenhos desta fase de trabalho e será objecto de um projecto especifico de paisagismo
No entanto é de realçar a presença que o grande parque central terá e a disponibilidade que este oferece para os mais diversos usos ao ar livre.
Desde logo, o caminho central que “serpenteia” entre os passeios que confinam os alinhamentos das duas tipologias, será um percurso lúdico pautado pela presença alternada de espaços relvados e plataformas em madeira e regrado pelos alinhamentos dos lotes marcados pela presença de bancos convidativos à sombra das árvores que aí crescerão.
Nessas plataformas poder-se-á improvisar jogos, almoços ao ar livre, brincadeiras entre crianças, etc.
Por fim, a circulação periférica proposta, não só garante um afastamento significativo aos lotes confinantes, como afasta os automóveis deste ambiente de “habitação em jardim”.
Os 90 lugares de estacionamento exterior previstos complementam o parqueamento privado integrado nas moradias e será maioritariamente utilizado pelos visitantes ou convidados dos condóminos.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
só não gostei da música :)
Post a Comment