Sunday, April 12, 2015

Reflexões sobre o Facebook de um utilizador "porque sim"...



(imagem da Net)

Reflexões sobre o Facebook de um utilizador "porque sim"...

Já aqui, há alguns meses, escrevi sobre o FB e exprimi a pouca simpatia que nutro por esta (e outras) Redes Sociais. Essa minha declaração precedeu uma "purga" profunda ao número de "amigos virtuais" que tinha (perto de 600). Como pessoa educada e com valores éticos que me considero, achei que tinha a "obrigação" de anunciar essa minha "limpeza" para que não ferisse qualquer susceptibilidade. Declarei, portanto, as minhas razões e acrescentei que guardaria apenas os amigos da "vida real, os familiares com quem me dou (que são poucos) e os amigos virtuais de longa data e com quem partilho interesses artísticos (fotografia, artes plásticas, cinema, poesia etc.

Só uns dias depois dessa "declaração de intenções”, e para que todos aqueles que me visitam regularmente pudessem tomar conhecimento, fiz a "razia" - ficaram, nessa altura, pouco mais de 60 no meu círculo de amizades virtual.

Passei a aceitar apenas as novas amizades que se enquadravam no perfil que já antes referi.

À pergunta que me faço frequentemente: "porque é que não apagas de vez essa "porcaria? " Encontro sempre a mesma resposta: "Apesar de tudo, prezo muito as pessoas que preservei, gosto de ir partilhando fotografias e algumas reflexões e, acima de tudo, é um meio fácil e rápido de comunicar com os meus dois filhos".

Porém, recentemente, constatei com espanto, que uma amiga de longa data (M), com a qual me identificava através das suas postagens irónicas, "nonsense" e rebeldes e ainda pelas fotografias, desde os tempos em que era assíduo no "Olhares" tinha prescindido da minha amizade sem qualquer motivo ou explicação prévia.


Não ando aqui para tentar "engatar" ninguém, não sou mal-educado com ninguém e só pontualmente visito outras páginas. Por isso, e por não gostar de mal-entendidos, escrevi uma mensagem privada à minha amiga perguntando "o motivo" e demonstrando a minha estupefacção

Não obtive qualquer resposta da minha amiga "M" e, ainda hoje me pergunto "O que lhe terá passado pela cabeça?"...

No entanto, essa (e outras situações idênticas), levaram-me a reformular a minha percepção sobre o fenómeno das Redes Sociais, o que elas têm de bom e de mau (tendo em conta a subjectividade dos qualificativos), para o que servem realmente...

Conclui que o FB (refiro-me a ele por ainda ser o mais popular) tem inerente uma perversidade perturbadora - a facilidade de descartar os amigos (virtuais ou reais) apenas com um clique.

Na "vida Real", quando dois amigos ou familiares se zangam e discutem, por ex, fazem-no maioritariamente "olhos-nos-olhos" e, com maior ou menor razão, esgrimem os seus argumentos.

Há as saudáveis possibilidades de "chorar", de desabar, de pedir desculpa, de invocar razões, de desfazer intrigas ou "contaminações", de dar um abraço ou um beijo e de seguir em frente, muitas vezes com essa amizade mais sólida, mais reforçada.

No FB, uma vez pressionado o botão da "execução sumária" só muito dificilmente poderá haver o "fazer as pazes". Esse gesto tão bonito quanto nobre, implica que, por um lado, quem tomou a decisão do "corte de relações" tenha a "dúvida" como um importante factor da vida e, por outro lado, que a "vítima" tenha a humildade e o esclarecimento de perdoar, isto no caso de o "renovado pedido de amizade do "outro (a)" vier acompanhado de alguma explicação ou pedido de desculpas.

Esta reflexão leva-me, consequentemente, a reavaliar os critérios que considerei válidos para manter um círculo de amizades nesta Rede Social.

Entendo agora que "70" ainda é um número excessivo, desajustado à realidade, e que, para ser coerente com o que sou, sinto, digo e/ou escrevo, é imponderável pensar em cada um desses 70 amigos (virtuais ou não) já com o meu "critério" também apurado face às minhas últimas meditações.

Importa, por isso, fazer-me algumas perguntas: "Porquê?" - desde logo; - "irias visitar essa pessoa a um hospital, ainda que fosse longe, se ela estivesse internada?", "Ajudarias essa pessoa incondicionalmente se ela estivesse em dificuldades (financeiras, por ex?", "O que achas que sentirias se ela morresse ou morresse algum familiar ou amigo seu?", Conversas com ela (a pessoa, claro)?", "Quando fazes "gosto" a uma das suas postagens gostas realmente ou fazes apenas por simpatia?". "Quando não gostas tens a coragem de o manifestar, justificando?" e muitas outras que são, evidentemente recíprocas.

Por isso, meus caros amigos e amigas, não me levem a mal se, eventualmente, em breve, eventualmente, vos incluir nas pessoas que não correspondem ao meu actualizado e rígido (admito) critério.

Gonçalo Afonso Dias,



12 De Abril de 2015

No comments: