Na boca do mentiroso, até a verdade é suspeita.Jacinto Benavente y Martinez
Sunday, December 30, 2007
Poema ao bêbado.
Poema do Bêbado
Prá curar sua paixão, beba pinga com limão;
prá curar sua amargura, beba pinga sem mistura;
contra dor de cotovelo, beba cachaça com gelo;
contra falta de carinho: cachaça, cerveja e vinho!
Se brigar com a namorada, beba pinga misturada;
se brigar com a mulher, beba pinga na colher;
quem dá amor e não recebe, mistura todas e bebe;e se alguém lhe faz sofrer, beba para esquecer!!! Prá curar seu sofrimento, beba pinga com fermento;
prá esquecer um falso amor, beba pinga com licor;
prá acalmar seu coração, beba até cair no chão;e se a vida não tem graça, encha a cara de cachaça!!!
Pra você ganhar no bicho, beba uma no capricho;pra ganhar na loteria, beba pinga na bacia;pra viver sempre feliz, beba pinga com raiz;e se você não tem sorte... beba pinga até a morte!!!
Clau Gomes
Prá curar sua paixão, beba pinga com limão;
prá curar sua amargura, beba pinga sem mistura;
contra dor de cotovelo, beba cachaça com gelo;
contra falta de carinho: cachaça, cerveja e vinho!
Se brigar com a namorada, beba pinga misturada;
se brigar com a mulher, beba pinga na colher;
quem dá amor e não recebe, mistura todas e bebe;e se alguém lhe faz sofrer, beba para esquecer!!! Prá curar seu sofrimento, beba pinga com fermento;
prá esquecer um falso amor, beba pinga com licor;
prá acalmar seu coração, beba até cair no chão;e se a vida não tem graça, encha a cara de cachaça!!!
Pra você ganhar no bicho, beba uma no capricho;pra ganhar na loteria, beba pinga na bacia;pra viver sempre feliz, beba pinga com raiz;e se você não tem sorte... beba pinga até a morte!!!
Clau Gomes
Saturday, December 29, 2007
Thursday, December 27, 2007
Obra do "Condomínio Adelaide", Luanda Sul, Angola já arrancou!
fotos: Progest
No final do Mês de Dezembro de 2007 principiaram os trabalhos de betonagem do Condomínio Adelaide
Uma promoção da GESTIM, construção a cargo da MOTA ENGIL e fiscalização da PROGEST sob a supervisão do Engº Lester Castillo Garcia.
No final do Mês de Dezembro de 2007 principiaram os trabalhos de betonagem do Condomínio Adelaide
Uma promoção da GESTIM, construção a cargo da MOTA ENGIL e fiscalização da PROGEST sob a supervisão do Engº Lester Castillo Garcia.
O ano de 2008 promete!
Para todos aqueles que de algum modo estão, ou estiveram, envolvidos neste projecto e obra os meu votos de um excelente Ano Novo!
Monday, December 24, 2007
"Saber ver a arquitectura"...
Muitas vezes, andamos tão distraídos ou afectados por aquilo que as revistas (um dos vírus da arquitectura contemporânea) nos fazem acreditar, que não vemos a qualidade, a riqueza e a simplicidade de "coisas" que estão mesmo ao nosso lado.
E, por isso, enquanto arquitectos, pouco aprendemos... A não ser uns nomes esquisitos e umas formas estranhas vindas do "país das batatas".
Esta foto, recentemente feita na Rua Rainha Ginga (a Rainha de Angola, em Luanda prova isso mesmo.
Quantos e quantos nunca se aperceberam da riqueza deste "momento"?
E, não foi fruto do acaso... Por muito estranho que possa parecer, esta imagem, acaba por ser uma síntese da Boa Arquitectura que, há muito tempo, os arquitectos portugueses ousaram experimentar em África, nas ex colónias.
Às vezes é preciso fazer "undo" para saber ver a arquitectura. Com Zevi ou sem ele.
Wednesday, December 19, 2007
Monday, December 17, 2007
Wednesday, December 12, 2007
Uma fotografia sem máquina.
Grândola, Novembro de 2007
O José Manuel e a Capela iluminada.
Estava eu em Grândola, de madrugada, a fotografar uma pequena Igreja, muito branca, muito limpa, muito bem conservada, quando me apercebi da passagem discreta e fugidia de um homem.
A sua estatura era baixa. As roupas miseráveis, o desalinho do seu cabelo, barba crescida e o andar cauteloso intrigaram-me. Um "sem-abrigo", mais um... Pensei.
Acenei-lhe e fui ter com ele. As apresentações foram breves e o josé Manuel (assim se apresentou) nunca desviou o olhar do meu.
Continuei a fixar a pequena Igreja. Nua, perdida, como de estivesse à espera de uma sombra que abafasse a iluminação excessiva que o Presidente da Junta lhe tinha dado convencido que assim sublimaria o património.
Nesse momento que achei que faltava ali algo...alguém que passasse para que a simples e insólita imagem daquela Igreja se transformasse numa Fotografia com alma.
O José Manuel olhava-me com indiferença. Nada me pediu.
Fui eu a pedir.
Pedi-lhe para que passasse em frente à Igreja, devagar, para encher a minha imagem com a sombra que eu imaginava que os projectores do presidente da Junta iriam provocar.
E mais, expliquei-lhe o significado de denúncia da hipocrisia que essa imagem, de um homem renegado, desgrenhado mas sóbrio teria em confrangedor contraste com a institucional brancura e pureza daquela "Casa de Deus".
Para mim, possuído do meu instinto predador de fotógrafo, a ocasião era única.
Um denúncia, uma demonstração da mentira que nos finge governar. Mas confesso, também uma bela fotografia para o meu portfolio…
Mas o "Zé Manel", com o seu boné onde se destacava um emblema com o Che Guevara, negou prontamente, sem hesitar e muito respeitosamente.
Mas ainda se deu ao trabalho de justificar: "não quero ser fotografado em frente à igreja porque, para mim, é só um cenário, uma mentira... "Ainda se fosse no jardim..."
Depois de recuperar de uma tão nobre bofetada fiquei com um desejo enorme de conhecer melhor aquele simples mas digno "homem da rua".
Percebi que estava frente a uma pessoa com uma forte personalidade, com carácter e uma evidente experiência de vida, de vidas...
E com a sabedoria de, nas suas condições, não admitir negociar as convicções que o fazem sentir Homem.
Aceitei naturalmente a sua recusa em ser fotografado. Perdi, por outro lado, a vontade de o fotografar.
Já era tarde mas ainda havia cafés abertos. Convidei-o para "um copo" mesmo ali ao lado, num estabelecimento iluminado (como a capela) e de onde se ouviam gargalhadas amplificadas pelo álcool.
O "Zé Manel" voltou a negar!
"Nesse café eu não entro! - as pessoas falam demais."
Repliquei: "Então escolhe tu o café..."
E assim foi. Entrámos num café simples. O Dono, enorme e todo tatuado era amigo do josé Manuel e percebi que guardaria também muitas histórias de en(contar).
Entrámos nesse pequeno café onde o Zé se sentia em casa.
Perguntei-lhe o que queria.
“Um Ice Tea”. Foi a resposta.
Atordoado pelas emoções, “engoli” um Logan duplo, sem gêlo.
A minha curiosidade ía crescendo num ritmo marcado por cada palavra daquele homem.
Não tentei sequer fotografá-lo.
A certa altura disse-lhe: “tudo bem. Não te fotografo porque tu não queres e eu respeito. Posso ao menos fazer um desenho?! Quero registar a tua imagem e um desenho, para mim, é uma fotografia sem máquina.
Admirado, o meu novo amigo aceitou com o primeiro sorriso que o vi esboçar.
Tirei o pequeno “Moleskineo” do bolso e uma roller. Acessórios que sempre me acompanham.
Fiz um retrato rápido. Espantado com a agilidade do meu traço deixou escapar uma palavra de admiração “Tão depressa?! E pareço mesmo eu…”
Dei-lhe o pequeno caderno para a mão aberto na página do seu retrato. Pedi-lhe para ali escrever qualquer coisa que sentisse.
E escreveu. Cuidadosamente para evitar sobrepor as suas 2 palavras ao desenho: “José Manuel”. Era o que ele sentia.
Mostrei-lhe outros registos do meu pequeno caderno. Rasguei a folha que continha o desenho que ele mais pareceu gostar e ofereci-lhe com uma dedicatória sincera.
A partir desse momento o Zé Manel “abriu o livro”. E que livro…
Nasceu em Grândola há 48 anos no seio de uma família com posses, com propriedades, com tudo. Trabalhou 35 mas quis conhecer o Mundo, sózinho, à sua maneira e contra a vontade do seu pai.
Começou então um percurso de emigração errante , um pouco ao acaso e ao ritmo das expulsões de que era vítima nos países que “invadia”. Correu a Europa toda. Fala fluentemente diversas linguas; francês, alemão, inglês, árabe…
A minha cabeça começava a “estalar”. Não do Whisky mas da experiência que estava intensamente a viver.
Passei já muitas noites na companhia de “sem-abrigo”, drogados, “reciclados”, prostitutas e rejeitados.
Sempre quis entender esse “outro lado da vida”, consciente que muitos viviam assim por opção. Uma opção fundada em profundas convicções.
Tenho agora 43 anos de uma vida intensa e difícil.
Contudo, este foi um dos momentos que mais me marcou.
Contei o passado do José Manuel de Grandôla;
E o presente? Já que o futuro dizem que “a Deus pertence”?
Tratando-me por “mano” o Zé revelou-me que vivia numa estrebaria onde era aceite com os seus 9 amigos. Todos eles cães que foi acolhendo pelas ruas.
Antes vivia na sua casa que partilhava co 35 animais…
Foi expulso pela polícia. Os vizinhos não toleravam aquela situação. Compreende-se…
Já era muito tarde. Despedi-me do Zé.
Ele deu-me um abraço. “Obrigado mano”!.
Saí. O meu recente amigo ainda ficou. Eu precisava de apanhar ar fresco… precisava de me recompôr daquela “tareia” emocional.
Fiquei a meditar na pergunta que o Z.M. me fez em jeito de despedida: “Qual é o homem mais rico? – é o que tem tudo ou o que menos precisa?"
Até breve, caro amigo.
Paço de Arcos, 12 de Dezembro do ano de 2007.
O José Manuel e a Capela iluminada.
Estava eu em Grândola, de madrugada, a fotografar uma pequena Igreja, muito branca, muito limpa, muito bem conservada, quando me apercebi da passagem discreta e fugidia de um homem.
A sua estatura era baixa. As roupas miseráveis, o desalinho do seu cabelo, barba crescida e o andar cauteloso intrigaram-me. Um "sem-abrigo", mais um... Pensei.
Acenei-lhe e fui ter com ele. As apresentações foram breves e o josé Manuel (assim se apresentou) nunca desviou o olhar do meu.
Continuei a fixar a pequena Igreja. Nua, perdida, como de estivesse à espera de uma sombra que abafasse a iluminação excessiva que o Presidente da Junta lhe tinha dado convencido que assim sublimaria o património.
Nesse momento que achei que faltava ali algo...alguém que passasse para que a simples e insólita imagem daquela Igreja se transformasse numa Fotografia com alma.
O José Manuel olhava-me com indiferença. Nada me pediu.
Fui eu a pedir.
Pedi-lhe para que passasse em frente à Igreja, devagar, para encher a minha imagem com a sombra que eu imaginava que os projectores do presidente da Junta iriam provocar.
E mais, expliquei-lhe o significado de denúncia da hipocrisia que essa imagem, de um homem renegado, desgrenhado mas sóbrio teria em confrangedor contraste com a institucional brancura e pureza daquela "Casa de Deus".
Para mim, possuído do meu instinto predador de fotógrafo, a ocasião era única.
Um denúncia, uma demonstração da mentira que nos finge governar. Mas confesso, também uma bela fotografia para o meu portfolio…
Mas o "Zé Manel", com o seu boné onde se destacava um emblema com o Che Guevara, negou prontamente, sem hesitar e muito respeitosamente.
Mas ainda se deu ao trabalho de justificar: "não quero ser fotografado em frente à igreja porque, para mim, é só um cenário, uma mentira... "Ainda se fosse no jardim..."
Depois de recuperar de uma tão nobre bofetada fiquei com um desejo enorme de conhecer melhor aquele simples mas digno "homem da rua".
Percebi que estava frente a uma pessoa com uma forte personalidade, com carácter e uma evidente experiência de vida, de vidas...
E com a sabedoria de, nas suas condições, não admitir negociar as convicções que o fazem sentir Homem.
Aceitei naturalmente a sua recusa em ser fotografado. Perdi, por outro lado, a vontade de o fotografar.
Já era tarde mas ainda havia cafés abertos. Convidei-o para "um copo" mesmo ali ao lado, num estabelecimento iluminado (como a capela) e de onde se ouviam gargalhadas amplificadas pelo álcool.
O "Zé Manel" voltou a negar!
"Nesse café eu não entro! - as pessoas falam demais."
Repliquei: "Então escolhe tu o café..."
E assim foi. Entrámos num café simples. O Dono, enorme e todo tatuado era amigo do josé Manuel e percebi que guardaria também muitas histórias de en(contar).
Entrámos nesse pequeno café onde o Zé se sentia em casa.
Perguntei-lhe o que queria.
“Um Ice Tea”. Foi a resposta.
Atordoado pelas emoções, “engoli” um Logan duplo, sem gêlo.
A minha curiosidade ía crescendo num ritmo marcado por cada palavra daquele homem.
Não tentei sequer fotografá-lo.
A certa altura disse-lhe: “tudo bem. Não te fotografo porque tu não queres e eu respeito. Posso ao menos fazer um desenho?! Quero registar a tua imagem e um desenho, para mim, é uma fotografia sem máquina.
Admirado, o meu novo amigo aceitou com o primeiro sorriso que o vi esboçar.
Tirei o pequeno “Moleskineo” do bolso e uma roller. Acessórios que sempre me acompanham.
Fiz um retrato rápido. Espantado com a agilidade do meu traço deixou escapar uma palavra de admiração “Tão depressa?! E pareço mesmo eu…”
Dei-lhe o pequeno caderno para a mão aberto na página do seu retrato. Pedi-lhe para ali escrever qualquer coisa que sentisse.
E escreveu. Cuidadosamente para evitar sobrepor as suas 2 palavras ao desenho: “José Manuel”. Era o que ele sentia.
Mostrei-lhe outros registos do meu pequeno caderno. Rasguei a folha que continha o desenho que ele mais pareceu gostar e ofereci-lhe com uma dedicatória sincera.
A partir desse momento o Zé Manel “abriu o livro”. E que livro…
Nasceu em Grândola há 48 anos no seio de uma família com posses, com propriedades, com tudo. Trabalhou 35 mas quis conhecer o Mundo, sózinho, à sua maneira e contra a vontade do seu pai.
Começou então um percurso de emigração errante , um pouco ao acaso e ao ritmo das expulsões de que era vítima nos países que “invadia”. Correu a Europa toda. Fala fluentemente diversas linguas; francês, alemão, inglês, árabe…
A minha cabeça começava a “estalar”. Não do Whisky mas da experiência que estava intensamente a viver.
Passei já muitas noites na companhia de “sem-abrigo”, drogados, “reciclados”, prostitutas e rejeitados.
Sempre quis entender esse “outro lado da vida”, consciente que muitos viviam assim por opção. Uma opção fundada em profundas convicções.
Tenho agora 43 anos de uma vida intensa e difícil.
Contudo, este foi um dos momentos que mais me marcou.
Contei o passado do José Manuel de Grandôla;
E o presente? Já que o futuro dizem que “a Deus pertence”?
Tratando-me por “mano” o Zé revelou-me que vivia numa estrebaria onde era aceite com os seus 9 amigos. Todos eles cães que foi acolhendo pelas ruas.
Antes vivia na sua casa que partilhava co 35 animais…
Foi expulso pela polícia. Os vizinhos não toleravam aquela situação. Compreende-se…
Já era muito tarde. Despedi-me do Zé.
Ele deu-me um abraço. “Obrigado mano”!.
Saí. O meu recente amigo ainda ficou. Eu precisava de apanhar ar fresco… precisava de me recompôr daquela “tareia” emocional.
Fiquei a meditar na pergunta que o Z.M. me fez em jeito de despedida: “Qual é o homem mais rico? – é o que tem tudo ou o que menos precisa?"
Até breve, caro amigo.
Paço de Arcos, 12 de Dezembro do ano de 2007.
Tuesday, December 11, 2007
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