Tuesday, May 14, 2013

AINDA DIZEM QUE NÃO HÁ COINCIDÊNCIAS…


DIZEM QUE NÃO HÁ COINCIDÊNCIAS…

14 de Maio de 2013, Hotel Centro de Convenções de Talatona, Luanda

11:00h

Sentado numa das mesas redondas do Lobby do hotel onde todos os dias monto o meu “escritório”. O lobby é enorme, o movimento é grande e fervilham os negócios por todos os cantos.

Nos altifalantes repete-se até à exaustão o último disco do Roberto Carlos, intercalado com o sucesso do momento – uma brasileira que aqui cantou recentemente (Paula “Qualquer coisa”).

Aproxima-se o Augusto – um funcionário do Hotel gentilmente cedido pela direcção para dar uma ajuda no nosso projecto da Aldeia das Artes/ Meninos do Mussulo. Apresenta o projecto aos hóspedes e visitas, vende os livros, tenta vender os últimos quadros. Um senhor!

Abeirou-se de mim:

_ Sr. Gonçalo, está ali um senhor que quer falar consigo.

_Com certeza, respondi!

Têm sido muitas as pessoas que aqui tenho “atendido”: Ou porque querem mais informações sobre a Aldeia das Artes ou porque compraram o livro e desejam uma dedicatória.

Aproximei-me do Sr. que queria falar comigo. Na cara um sorriso aberto. Estendeu-me a mão e apresentou-se. Correspondi cordialmente.

_Não imagina as emoções que a sua fotografia provocaram em nós… (a sua mulher também ali estava sentada num cadeirão)

_ Que fotografia? Perguntei pensando que se referia a uma das 70 que fazem parte do livro e da exposição.

_ Uma fotografia que tirou no Huambo à casa do Savimbi! Esclareceu-me.

_ A mulher, de pronto, mostrou-me a “tal” fotografia no seu Iphone; _Anda sempre comigo!

Reconheci a imagem. Fi-la quando estive uma temporada no Huambo, em 2008.

 É uma das que mais gosto não tanto pela valia técnica (já estava escuro no Huambo) mas por toda a sua carga simbólica. A casa em ruínas daquele que foi o líder da UNITA – Jonas Malheiro Savimbi. Na escada, agora a descoberto, uma senhora com uma criança ao colo. Lembro-me de lhe ter perguntado o que fazia naqueles escombros.

_ Espero que o “pai” volte… foi a resposta que obtive e que muito me impressionou.

Voltando ao Sr. que queria falar comigo:

_ Sabe, eu era o dono daquela casa…

Fiquei preplexo…

_ A sério?!

_ Sim, aquela casa era minha e vê-la nesta fotografia emociona-me muito!

_ Faço questão de lhe oferecer uma impressão em grande formato! Foi aquilo que me ocorreu dizer.

_ Ficamos-lhe muito gratos!

Trocámos os contactos e regressei ao meu canto a pensar:

Ainda dizem que não há coincidências!...
 
 
Fotografia: Gonçalo Afonso Dias
 

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