Friday, July 09, 2010

O Centro Histórico de Oeiras é um deserto.

Para além de algumas (tímidas) acções de reabilitação de velhos edifícios para conversão em programas sociais e da mais que discutível reabilitação e ampliação do Palácio do Egipto (de reabilitação tem muito pouco - trata-se sobretudo de uma construção repleta de maneirismos pseudo-contemporâneos e de legitimidade legal (volto aos concursos públicos...) abstracta - "ele há um gabinete na Câmara Municipal de Oeiras (C.M.O.) que por sua vez subempreita alegadamente "grandes nomes" da nossa praça para "coordenar" os seus projectos importantes, aquilo que se pode constatar é um Casco antigo envelhecido, degradado, onde a partir das 23:00 horas não há vida.
Faltam ideias, falta vontade politica, falta um pouco de tudo.
Na avenida principal, a Cândido dos Reis, onde se concentra a maioria do pequeno comércio, a decadência é confrangedora. Lojas fechadas ou a agonizar, degradadas, a sobreviver com todas as dificuldades.
A "vida nocturna", que aqui teria, sob regras relativamente simples, condições excepcionais - esplanadas junto à Igreja, no largo 5 de Outubro, nas ruas periféricas, nos recantos antigos - não existe porque a C.M.O. "não deixa"...
Faltam ideias, falta cultura, falta conhecimento de outras realidades, noutros países.




Fotografia: Gad. Oeiras, 2010


Mas quero falar das pessoas. Sobretudo das pessoas, tendo como mote o Francisco que conheci há bem pouco tempo, na "troca" de um cigarro por um retrato;
O Francisco é Angolano mas (sobre) vive por aqui. Vende "buzios-da-sorte" na rua mas pinta, desenha e faz escultura. Não tem é dinheiro para os materiais nem tão pouco espaço para trabalhar ou expor.
Mas antes do Francisco conheci outros como ele. O Mário, pintor e desenhador, sonhador que vive praticamente na miséria porque não consegue um espaço para vender o seu trabalho. E muitos outros de muitas outras áreas da cultura haverá que não se vêm por causa da cegueira e do vazio de ideias de quem, nos seus gabinetes só vê números e só responde ao chefe.
Estivesse eu na Cultura desta (C.M.O.) e, tirava esta gente da rua. Dava-lhes uma oportunidade. Alugava um espaço - está, por ex. para alugar um armazém fantástico na Rua febus Moniz (ao lado dos "Netos"). Investia pouco e propunha responsabilidade e disciplina. Criava assim um atelier livre, ligado a um verdadeiro Projecto Social bem organizado e bem orientado. Dava lugar à Cultura, ocupava espaços "mortos" do centro Histórico mas sobretudo valorizava a Inteligência Política e a verdadeira solidariedade social.

2 comments:

Pedro Caldeira said...

Ora aí está uma ideia muito boa. Em Sintra podia-se aplicar também. A dita "sociedade civil" tem de tomar conta disto a sério.
Um abraço

jraulcaires said...

São sempre boas ideias. Não sei até que ponto não se pode fazer com recurso ao mecenato. Já tentei fazer uma coisa semelhante, em Lisboa, mas não consegui. Ainda por cima, existem por aqui imóveis fabulosos para rebilitar (para que é que serviu o "inquérito" à arquitectura portuguesa do sec. XX). O problema é os custos.

Ainda não desisti. A ver vamos...


A verdade é que ulktimamnete tenho a andado a cuidadr da minha "horta", como dizia o outro: - estamos em crise.