Há três meses dei aqui conta de um incidente onde fui vítima, dentro da minha própria casa, de insultos, impropérios e olhares ameaçadores feitos por um polícia de trânsito pelo simples facto de eu estar a fotografar aquilo que se passava na rua, no caso a Procissão dos Passos. Foi no dia 8 de Março deste ano.
Desta vez relato algo que me parece mais esclarecedor da mentalidade e/ou do estado de desvario em que anda a generalidade das pessoas.
Estava a fotografar como faço, quase diariamente para aquilo que me desperta interesse na rua, nomeadamente figuras insólitas ou representativas da nossa condição social, maioritariamente em sombra ou em movimento sugestivo, quando, vinda "de não sei onde" surgiu uma senhora, com um ar normalíssimo, proferiu umas palavras que eu não entendi e arremessou uma pedra na minha direcção, bradando depois que "ía chamar a polícia".
Tendo em conta a figura da Lei que sempre me acompanha, e considerando ter sido alvo de uma tentativa de agressão que pôs em risco a minha integridade física e a do material que usava (só a objectiva ascende a 800€), desci calmamente à rua (vivo num 1º andar) à espera que a polícia aparecesse para formalizar a respectiva queixa contra a medieval senhora das pedras.
Mas a polícia não a pareceu e a senhora muito menos. Ficou-me uma revolta enorme. Dei uma volta pelas lojas e cafés da zona indagando pela fera, porém sem sucesso.
Este episódio que poderá ser relativizado "tipo - se calhar ela pensou que ele lhe tirou uma fotografia e não gostou...- é quanto a mim, mais um efeito do estado e do "vale tudo" em que este país se vai arrastando: Os ministros mentem, os banqueiros roubam, a corrupção aumenta e as medidas para combater a crise aumentam as crises dentro de casa de cada um... O escape é a rua e isso sente-se em tudo: no trânsito, nas lojas, nos passeios e até nos olhares.
Friday, June 11, 2010
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