"Joseph" Desenho: Gonçalo Afonso Dias, algures, no céu, entre Lisboa e Luanda.
Lisboa, Domingo, dia 01 de Julho de 2012, 01:00 h da madrugada.
Sentado no Airbus A 340 da TAP, baptizado "Damião de Góis", apertei o cinto e endireitei a cadeira.
O "Grande Pássaro" estava prestes a principiar mais um voo para Luanda.
Pela frente tinha 7 horas de viagem, muito tempo para pensar...
O avião colocou-se no centro da pista e depois de uma pausa, sempre angustiante, ganhou velocidade e ergueu toda a sua massa num momento sempre mágico.
Respirei fundo, estiquei as pernas e olhei para o lado, para o lugar contíguo ao meu do lado da janela.
Ali estava o meu companheiro nessas 7 horas que nos separavam de África, de Angola, de Luanda.
Um senhor negro já com uma idade avançada, cabelos brancos e um semblante que transmitia calma e o "saber" de uma já longa vida.
Cumprimentei-o. Sorriu-me simpaticamente. A empatia foi mútua e repentina.
Chamava-se Joseph. Nigeriano, 67 anos de idade, a residir na Holanda e com negócios em Angola. Fiquei a saber nas primeiras palavras que trocámos apesar do meu "económico" inglês.
Conversámos durante algum tempo. Disse-lhe ao que ia, falei-lhe das minhas expectativas, dos meus receios também.
Ouvia mais do que falava...
Trocámos os contactos e os cartões.
O Joseph pegou num jornal e eu no meu Moleskine onde registo tudo aquilo que a minha memória negligencia.
Depois do jantar tardio não durou muito até aquele simpático senhor adormecer profundamente.
Como de costume a minha ansiedade, os meus sonhos e os meus fantasmas não quiseram que eu dormisse...
Escrevi, li e desenhei.
Fiz-lhe um retrato com a esferográfica "Caran Dache" que levava na mochila juntamente com a "tralha" da fotografia e os objectos mais pessoais.
Já de manhã, aterrámos no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro na capital angolana.
Depois dos rotineiros procedimentos da tripulação e do Comandante tivemos autorização para sair.
Despedimo-nos com um forte aperto de mão e cada um seguiu o seu destino.
A minha agenda de trabalho para a semana que tinha pela frente era longa e densa;
Reuniões em Luanda, uma viagem de automóvel até ao Lobito (a cidade da minha infância (510 km, 6 horas de estrada), mais reuniões, visita à obra que já nasceu e inscreverá o meu nome nessa linda cidade onde fui criança, feliz e livre;
Regresso a Luanda, desta vez de avião num voo comercial da "AIR 16";
Mais reuniões...e finalmente um dia livre para ir visitar os meus "kandengues da Ilha do Mussulo.
Ao fim da manhã de Domingo, dia 8, já estava a fazer a mala para o regresso a Lisboa no voo da noite.
O telemóvel tocou.
Atendi. Era o Joseph! Queria saber de mim, se tudo tinha corrido bem, se tinha cumprido os meus objectivos.
Fiquei mudo por uns instantes...sensibilizado com aquele gesto tão bonito de um homem que podia ser meu pai.
Depois de lhe desejar felicidades e de desligar o telefone sentei-me na cama e pensei: "caramba"! Ainda há pessoas assim...
Este post é uma homenagem sincera que lhe presto.
O "Grande Pássaro" estava prestes a principiar mais um voo para Luanda.
Pela frente tinha 7 horas de viagem, muito tempo para pensar...
O avião colocou-se no centro da pista e depois de uma pausa, sempre angustiante, ganhou velocidade e ergueu toda a sua massa num momento sempre mágico.
Respirei fundo, estiquei as pernas e olhei para o lado, para o lugar contíguo ao meu do lado da janela.
Ali estava o meu companheiro nessas 7 horas que nos separavam de África, de Angola, de Luanda.
Um senhor negro já com uma idade avançada, cabelos brancos e um semblante que transmitia calma e o "saber" de uma já longa vida.
Cumprimentei-o. Sorriu-me simpaticamente. A empatia foi mútua e repentina.
Chamava-se Joseph. Nigeriano, 67 anos de idade, a residir na Holanda e com negócios em Angola. Fiquei a saber nas primeiras palavras que trocámos apesar do meu "económico" inglês.
Conversámos durante algum tempo. Disse-lhe ao que ia, falei-lhe das minhas expectativas, dos meus receios também.
Ouvia mais do que falava...
Trocámos os contactos e os cartões.
O Joseph pegou num jornal e eu no meu Moleskine onde registo tudo aquilo que a minha memória negligencia.
Depois do jantar tardio não durou muito até aquele simpático senhor adormecer profundamente.
Como de costume a minha ansiedade, os meus sonhos e os meus fantasmas não quiseram que eu dormisse...
Escrevi, li e desenhei.
Fiz-lhe um retrato com a esferográfica "Caran Dache" que levava na mochila juntamente com a "tralha" da fotografia e os objectos mais pessoais.
Já de manhã, aterrámos no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro na capital angolana.
Depois dos rotineiros procedimentos da tripulação e do Comandante tivemos autorização para sair.
Despedimo-nos com um forte aperto de mão e cada um seguiu o seu destino.
A minha agenda de trabalho para a semana que tinha pela frente era longa e densa;
Reuniões em Luanda, uma viagem de automóvel até ao Lobito (a cidade da minha infância (510 km, 6 horas de estrada), mais reuniões, visita à obra que já nasceu e inscreverá o meu nome nessa linda cidade onde fui criança, feliz e livre;
Regresso a Luanda, desta vez de avião num voo comercial da "AIR 16";
Mais reuniões...e finalmente um dia livre para ir visitar os meus "kandengues da Ilha do Mussulo.
Ao fim da manhã de Domingo, dia 8, já estava a fazer a mala para o regresso a Lisboa no voo da noite.
O telemóvel tocou.
Atendi. Era o Joseph! Queria saber de mim, se tudo tinha corrido bem, se tinha cumprido os meus objectivos.
Fiquei mudo por uns instantes...sensibilizado com aquele gesto tão bonito de um homem que podia ser meu pai.
Depois de lhe desejar felicidades e de desligar o telefone sentei-me na cama e pensei: "caramba"! Ainda há pessoas assim...
Este post é uma homenagem sincera que lhe presto.
1 comment:
Felizmente ainda há pessoas assim, são estas coisas que faz sentido andarmos por cá.
Um abraço
Pedro Caldeira
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