Fotografias e obra: Gonçalo Afonso Dias
Edifício BESA/Ondliva
Cunene, Angola, 2010
Tenho alguma dificuldade em aceitar qualquer género de fotografia precedido de um "de" (Fotogradia de Moda, Fotografia de Estúdio, Fotografia de Arquitectura, também).
Para mim, há apenas Fotografia.
Dentro da fotografia há inúmeros caminhos; todos válidos, todos importantes desde que percorridos de um modo sério, coerente e empenhado. Embora não seja a minha vocação, entendo que a fotografia, na arte, pode ser (em limite) apenas um suporte, um ponto de partida para outras formas mais elaboradas (manipuladas, sofisticadas... ?!) de expressão.
Como arquitecto pouco ou nada fotografo Arquitectura. Não é uma condição estabelecida, é apenas uma consequência dessa dupla condição, ie: A arquitectura, na sua essência, na sua verdade, é frequentemente (quando divulgada) subvertida pela maior ou menor habilidade do fotógrafo. O "homem da máquina" manipula e distorce a realidade, objecto da sua missão.
Quantas vezes, depois de ver (em revistas, por exº.) uma determinada obra de arquitectura sinto, ao visitá-la fisicamente, uma enorme decepção. Muitas vezes sinto-me defraudado perante a realidade.
É evidente que a responsabilidade dessa "fraude" não cabe ao fotógrafo. Cabe, evidentemente, ao arquitecto que promoveu, seleccionou e editou as imagens feitas à sua obra.
Por outro lado, existe uma afinidade, consolidada ao longo de décadas, entre a arquitectura e a fotografia. Em Portugal, para não ir mais longe, há um legado significativo de arquitectos/fotógrafos.
Tenho o privilégio de exercer, com a mesma paixão, esses dois lados. Estando o meu trabalho maioritariamente fora de Portugal (nas províncias angolanas) viajo frequentemente para Angola numa combinação que muito me agrada entre as obrigações profissionais (a arquitectura) e as oportunidades de fotografar, mesmo nos locais mais recônditos desse grande país. É uma espécie de "batota" que eu faço, alegremente, perante os patrocinadores desses projectos.
Estas imagens fotográficas podem até contradizer o meu anterior discurso. Mas, o que seria de nós sem contradições?!
Ondjiva, Cunene, Angola
No comments:
Post a Comment