Fotografia: Gonçalo Afonso Dias, Luanda, 2007
Publico esta fotografia para, mais uma vez e com todo o gosto, aqui deixar algumas palavras (inúteis, porventura...) sobre fotografia.
Desta vez abordo a questão da "Técnica".
É um tema recorrente em todas as formas de expressão artística.
Muitas vezes vêm-me à memória as sábias palavras de um pensador de que disse o seguinte: «A arte sem técnica não passa de um mero capricho».
É, sem dúvida uma frase forte, eventualmente desmotivadora (para alguns) mas que encerra um profundo conhecimento.
Partilho esse pensamento de uma forma menos literal, mas partilho.
A arquitectura - a minha área profissional, é talvez o que me melhor clarifica o que antes escrevi. As ideias podem ser geniais (embora não acredite em génios) mas se não forem metodicamente acompanhadas de conhecimentos técnicos alargados quando chega o "nascer da obra" acontece a "desgraça"... Costumo dizer aos meus amigos e colaboradores que a "Escola" é apenas um ponto de partida. A verdadeira Universidade, em arquitectura, é a "obra". Aí, com humildade, sem sobranceria, aprende-se a profissão - com um carpinteiro, com um serralheiro, com os operários que vivem com a mão na massa.
Em fotografia, a técnica é importante. Quanto mais não seja para que a subvertamos intencionalmente, com propriedade, com técnica, claro.
Dissertar sobre a relevância da técnica na fotografia seria assunto para longas páginas de prosa e, não sou eu, com certeza, a pessoa mais indicada para o fazer.
Escolhi uma fotografia tecnicamente discutível, exactamente porque quero abordar este tema de um modo particular.
A técnica de cada um - aquela que melhor pode contribuir para que, cada um, (repito), possa, com maior destreza captar e transmitir o que lhe vai na alma.
Foco-me aqui essencialmente na "fotografia de rua", na fotografia espontânea, no fotojornalismo.
Excluo naturalmente deste comentário a fotografia feita em Estúdio pela sua especificidade.
O conhecimento das potencialidades da máquina e das objectivas que eventualmente temos é, desde logo fundamental. Testar, ensaiar, exercitar (mesmo em casa) é o melhor caminho para isso.
A fotografia é feita de luz - é o seu principal ingrediente.
Quando saio para fotografar na rua, tenho primeiro o cuidado de ver "de onde vem a luz". Esse exercício faz-me mudar frequentemente de um passeio para o outro.
Depois, e não menos importante, "o céu", as nuvens - um filtro espantoso da luz que nos chega.
Regular a máquina para as condições que intuo é o primeiro passo. Se estou a trabalhar com uma reflex que aguenta, sem prejuízo da qualidade, um valor ISO elevado (800 por ex.) e a luz é fraca ou disponho de uma objectiva de gama média ou baixa, necessariamente pouco "luminosa" (f:5,6, no limite) esse ISO coordenado com a abertura escolhida e com a correcta especificação do "tipo de luz" dá-me, normalmente, margem para disparar para "alvos" em movimento com alguma segurança.
Na fotografia urbana e mais concretamente no fotojornalismo é muito útil um corpo que permita vários disparos sucessivos. As expressões corporais, sempre em mutação, são, assim, mais facilmente captadas.
Não menos importante é a possibilidade de escolher o ponto de medição de luz.
A maneabilidade dessa função é, no meu entender, um dos aspectos mais decisivos na captação da imagem fotográfica. Ao fim de alguns milhares de fotografias "falhadas" já conseguimos, quase mecanicamente e sem perdas de tempo, seleccionar o "ponto" que melhor irá resolver a nossa interpretação da luz. Por exº, num ambiente nocturno (e para quem não usa flash, como eu, seleccionar o ponto mais negro é "meio caminho andado" para um resultado satisfatório.
O conhecimento e o à-vontade com que trabalhamos na edição das nossas fotografias é mais um conhecimento importante no momento do click - Sabemos, por ex. que determinadas insuficiências que constatamos com o olhar serão facilmente anuladas com a edição com que estamos rotinados e familiarizados.
Em suma: vale a pena entender os fundamentos técnicos da fotografia - A Luz, a Profundidade de Campo e o recorte que possibilita, o equipamento que temos, a edição que fazemos.
Uma boa objectiva é, muitas vezes, mais decisiva do que um corpo cheio de megapixéis.
Um abraço a todos e boas fotografias.
Fotografia: Luanda, 2007
Desta vez abordo a questão da "Técnica".
É um tema recorrente em todas as formas de expressão artística.
Muitas vezes vêm-me à memória as sábias palavras de um pensador de que disse o seguinte: «A arte sem técnica não passa de um mero capricho».
É, sem dúvida uma frase forte, eventualmente desmotivadora (para alguns) mas que encerra um profundo conhecimento.
Partilho esse pensamento de uma forma menos literal, mas partilho.
A arquitectura - a minha área profissional, é talvez o que me melhor clarifica o que antes escrevi. As ideias podem ser geniais (embora não acredite em génios) mas se não forem metodicamente acompanhadas de conhecimentos técnicos alargados quando chega o "nascer da obra" acontece a "desgraça"... Costumo dizer aos meus amigos e colaboradores que a "Escola" é apenas um ponto de partida. A verdadeira Universidade, em arquitectura, é a "obra". Aí, com humildade, sem sobranceria, aprende-se a profissão - com um carpinteiro, com um serralheiro, com os operários que vivem com a mão na massa.
Em fotografia, a técnica é importante. Quanto mais não seja para que a subvertamos intencionalmente, com propriedade, com técnica, claro.
Dissertar sobre a relevância da técnica na fotografia seria assunto para longas páginas de prosa e, não sou eu, com certeza, a pessoa mais indicada para o fazer.
Escolhi uma fotografia tecnicamente discutível, exactamente porque quero abordar este tema de um modo particular.
A técnica de cada um - aquela que melhor pode contribuir para que, cada um, (repito), possa, com maior destreza captar e transmitir o que lhe vai na alma.
Foco-me aqui essencialmente na "fotografia de rua", na fotografia espontânea, no fotojornalismo.
Excluo naturalmente deste comentário a fotografia feita em Estúdio pela sua especificidade.
O conhecimento das potencialidades da máquina e das objectivas que eventualmente temos é, desde logo fundamental. Testar, ensaiar, exercitar (mesmo em casa) é o melhor caminho para isso.
A fotografia é feita de luz - é o seu principal ingrediente.
Quando saio para fotografar na rua, tenho primeiro o cuidado de ver "de onde vem a luz". Esse exercício faz-me mudar frequentemente de um passeio para o outro.
Depois, e não menos importante, "o céu", as nuvens - um filtro espantoso da luz que nos chega.
Regular a máquina para as condições que intuo é o primeiro passo. Se estou a trabalhar com uma reflex que aguenta, sem prejuízo da qualidade, um valor ISO elevado (800 por ex.) e a luz é fraca ou disponho de uma objectiva de gama média ou baixa, necessariamente pouco "luminosa" (f:5,6, no limite) esse ISO coordenado com a abertura escolhida e com a correcta especificação do "tipo de luz" dá-me, normalmente, margem para disparar para "alvos" em movimento com alguma segurança.
Na fotografia urbana e mais concretamente no fotojornalismo é muito útil um corpo que permita vários disparos sucessivos. As expressões corporais, sempre em mutação, são, assim, mais facilmente captadas.
Não menos importante é a possibilidade de escolher o ponto de medição de luz.
A maneabilidade dessa função é, no meu entender, um dos aspectos mais decisivos na captação da imagem fotográfica. Ao fim de alguns milhares de fotografias "falhadas" já conseguimos, quase mecanicamente e sem perdas de tempo, seleccionar o "ponto" que melhor irá resolver a nossa interpretação da luz. Por exº, num ambiente nocturno (e para quem não usa flash, como eu, seleccionar o ponto mais negro é "meio caminho andado" para um resultado satisfatório.
O conhecimento e o à-vontade com que trabalhamos na edição das nossas fotografias é mais um conhecimento importante no momento do click - Sabemos, por ex. que determinadas insuficiências que constatamos com o olhar serão facilmente anuladas com a edição com que estamos rotinados e familiarizados.
Em suma: vale a pena entender os fundamentos técnicos da fotografia - A Luz, a Profundidade de Campo e o recorte que possibilita, o equipamento que temos, a edição que fazemos.
Uma boa objectiva é, muitas vezes, mais decisiva do que um corpo cheio de megapixéis.
Um abraço a todos e boas fotografias.
Fotografia: Luanda, 2007
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