A "BOA NOTÍCIA":
Frederico Gil bate novo recorde em Melbourne
Marta Talhão
20/01/12 00:05
Tenista português fez história ao chegar à terceira ronda do Open da Austrália.
A pequena aldeia de Algezares, na província espanhola de Múrcia, acolheu, em 2004, um torneio de categoria Future. Na última ronda da fase de qualificação, Frederico Gil, então com 18 anos e ainda fora do top-1.000 mundial, foi derrotado pelo espanhol Marcel Granollers. Seria o primeiro de uma série de nove encontros que, na madrugada de quarta para quinta-feira, culminou, na cosmopolita Melbourne, com a vitória (6-3, 4-6, 6-4 e 6-3) que faz de Gil o único tenista português - Michelle Brito obteve semelhante feito em Roland Garros 2009 - a ter alcançado a terceira ronda de um torneio do Grand Slam. Com esta proeza assegura 44 mil euros na prova australiana.
A vitória de Gil - actual 107º colocado no ranking da ATP - sobre Granollers, 28º melhor tenista do Mundo, acontece um ano depois de, no mesmo palco, o tenista português ter conseguido a primeira vitória da carreira no quadro principal de um torneio ‘major' após nove tentativas frustradas. Citado pela assessoria de imprensa, Frederico Gil afirmou estar "bastante contente" por mais um recorde batido e enalteceu o apoio que recebeu do público presente no court 7 de Melbourne Park: "O ambiente esteve excelente, com muitos portugueses a apoiarem-me", disse.
Apesar de ter perdido a posição de nº 1 nacional para Rui Machado, Gil, que desde o final de 2011 é treinado pelo espanhol Juan Esparcia, está já familiarizado com a "arte" de bater recordes nacionais. No ano passado, em Monte Carlo, foi o primeiro a chegar aos quartos-de-final de um Masters 1000. E em 2010 tornara-se no primeiro tenista nacional a disputar, no Estoril Open, a final de um torneio ATP. Agora, para seguir em frente, Gil tem um complicado desafio para superar: o nº6 mundial Jo-Wilfried Tsonga, finalista vencido do Open da Austrália em 2008.
A "MÁ NOTÍCIA":
Faliram mais de dez empresas por dia e 2012 será ainda pior Margarida Peixoto
22/01/12 09:43
Número de falências disparou 14% no ano passado em Portugal. A S&P acrescenta que cenário vai piorar na Europa.
No ano passado faliram, em média, mais de dez empresas por dia em Portugal, divulgou ontem a seguradora Crédito y Caución. E as perspectivas para este ano são ainda mais negras: no mesmo dia, a Standard & Poor's (S&P) publicou um relatório onde dá conta de um risco mais elevado de falências em toda a Europa.
Ao longo do ano passado houve 4.731 empresas a declarar insolvência judicial, mais 14% do que o valor registado em 2010. O aumento, explica a Crédito y Caución, esteve sobretudo relacionado com a forte queda do consumo privado. "A situação revelou-se mais grave nas empresas comerciais, já que as empresas industriais, orientadas em grande medida para a exportação, mostraram uma maior resistência à actual crise económica", explica Paulo Morais, director da seguradora para Portugal e o Brasil.
Os dados mostram que o maior número de falências foi registado nos serviços, seguidos pela construção e pelo segmento do têxtil (ver tabela). Já a siderurgia e o segmento dos brinquedos registaram menos casos. Ao longo do ano, o quarto trimestre foi o mais difícil para os empresários: entre Outubro e Dezembro 1.301 empresas declararam insolvência.
Para 2012, as expectativas são negras. No mesmo dia em que os dados de insolvências em Portugal foram conhecidos, a agência de ‘rating' S&P publicou um estudo onde explica por que razão as previsões de falências de empresas na Europa são mais elevadas este ano. "Primeiro, porque as perspectivas de actividade na Europa sofreram um revés para o pior, com a expectativa de pelo menos uma recessão modesta na primeira metade do ano", explica o documento. "Segundo, porque a normalização gradual dos mercados de crédito e de dívida que se vinha a verificar desde o Verão de 2009 foi interrompida abruptamente em meados do ano passado, depois de um novo aperto do financiamento bancário", continua o documento. E por fim, porque "a maturidade dos empréstimos se está a aproximar e os bancos sentem cada vez mais pressão para melhorar a qualidade dos seus activos", remata.
Na quarta-feira, a agência de ‘rating' Moody's também já tinha estimado um aumento das falências em Portugal, Espanha, Itália e Grécia, de acordo com um relatório citado pelo jornal espanhol Expansión. Tendo em conta o cenário de contracção económica, será de esperar um impacto mais forte nas pequenas e médias empresas destes países, adiantou a agência.
Ainda assim, os empresários nacionais procuram manter o optimismo. António Sousa, administrador da Americana, uma empresa que opera no segmento de papelaria, livraria e outros equipamentos, reconhece que este ano "será difícil", mas está confiante de que "não será trágico" para o seu negócio. "Todas as notícias tornam mais complicado o consumo, vai calhar menos negócio a todos", antecipa. Além do corte nas compras, "os bancos não estão a emprestar dinheiro; tem diminuído o crédito", explica, acrescentando que a empresa "teve de fazer seguros de crédito" para os clientes com quem trabalha neste regime, o que "aperta as margens de lucro".
Já para José Pedro Salema, administrador da Agrogestão - uma empresa que gere e produz software para o ramo agrícola, e presta consultoria - o negócio está garantido pelo menos até 2013. "Estamos mais dependentes dos ciclos de apoios comunitários do que da economia real", explica. É que a Agrogestão encontra soluções para empresas agrícolas, mas é paga por fundos europeus, pelo que tem receita garantida até terminar o actual programa do QREN, 2007-2013.
No resto da Europa, os principais índices bolsistas corrigiram dos máximos de cinco meses e meio. De acordo com 'traders', os investidores aproveitaram os ganhos recentes para realizarem mais-valias e ajustarem posições, o que terá motivado os deslizes de hoje, mesmo apesar das expectativa de que a Grécia está perto de chegar a acordo com os credores privados sobre o perdão à sua dívida e assim evitar entrar em incumprimento. Pantelis Kapsis, o porta-voz do Governo helénico, disse hoje que credores privados e Atenas estão perto de chegar a um acordo quanto à reestruturarão de parte importante da dívida soberana grega.
Do outro lado do Atlântico, Wall Street também seguia com sinal negativo, depois de várias empresas como a Google, a General Electric e a American Express terem apresentado resultados que ficaram abaixo das estimativas dos analistas no quatro trimestre de 2011.
Por Lisboa, as acções da Jerónimo Martins somaram 2,57% até aos 12,97 euros, ao mesmo tempo que a PT progrediu 0,72% para valer 4,18 euros.
Com sinal negativo fecharam os títulos dos bancos, num dia em que as instituições europeias entregam aos reguladores os seus planos de recapitalização para cumprirem o rácio de capital mínimo de 9% até Junho.
Por Lisboa, as acções do BES recuaram 3,73% para 1,318 euros, depois de terem avançado mais de 5% na sessão de ontem. No mesmo sentido, o BCP e o Banif cederam mais de 1%, enquanto o BPI avançou 0,38%. O Diário Económico avançou hoje que Carlos Santos Ferreira e Fernando Ulrich vão recorrer a capital público para fortalecer os bancos que lideram. O índice da Bloomberg para o sector europeu ganhou 1%.
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