Há relativamente pouco tempo, no final de 2010, deixei aqui um post intitulado "Não me apetece escrever. Talvez para o ano..."As memórias da minha estadia em Angola, que precedeu esse "desabafo", ainda se debatiam com a realidade deprimente que aqui encontrei poucas semanas após a minha partida para esse país tão maltratado e tão desconhecido pela generalidade dos portugueses (e não só), que se habituaram à cómoda postura de "falar por falar", ou, pior, por ouvir falar.
Já aqui o escrevi em diversas ocasiões - sou português e angolano. Mas, foi em Angola que cresci, que enfrentei, com os meus pais e irmãos, os "tempos Históricos" da guerrilha urbana entre os três movimentos em conflito (M.P.L.A., U.N.I.T.A e F.N.L.A., a Independência e, talvez o mais marcante para mim, o período pós-indepêndencia.
Nesses tempos, as palavras "solidariedade", amizade" e "cumplicidade" ultrapassavam os seus mais verdadeiros sentidos. Extravasavam qualquer compreensão literária. Eram verdade e simultaneamente uma fórmula "sagrada" para a nossa sobrevivência. Eram, por outro lado, o elemento aglutinador, a "chave secreta" de um grupo de jovens adolescentes obrigados, pelas circunstâncias, a vestir, precocemente a "pele de adultos".
Reporto-me aos finais dos anos 70.
Uma década depois, o nosso grupo desmembrou-se. Muitos, como eu, vieram para Portugal pois de outro modo não poderiam prosseguir os estudos.
Outros, "perderam-se" por caminhos incertos e não mais - tanto quanto sei - se encontraram.
A vida é assim. Por muito que a tentemos "dourar" é ela que dita as regras. Implacáveis, em muitos casos. Surpreendentes, quase sempre. Imprevisíveis, por definição.
Escrevo este texto, sem rascunho, em véspera das Eleições Presidenciais e, num contexto político, social e económico, preocupante, confuso, distorcido e extremamente perigoso para a Democracia e para os Direitos elementares dos cidadãos.
Escrevo este texto, num momento em que sinto que a Constituição Portuguesa parece tender a ter apenas o "peso" de uma lista das "Páginas Amarelas"...
Assisti, sem grande entusiasmo, a alguns debates e acções de propaganda dos distintos candidatos à Presidência.
Não me recordo (e já tenho mais de quatro décadas), de um período pré-eleitoral tão desinteressante, vazio, e desmotivador.
Não vou, tão pouco, particularizar ou pessoalizar a minha apreciação. Numa única palavra - LIXO !
Estive muito mais atento às "conversas de café", sobretudo entre os jovens, do que às palhaçadas, mais ou menos encenadas, dos vários candidatos.
Estive e estou muito mais preocupado com o futuro (ou a ausência dele) da nossa juventude.
Apesar das sondagens e das "quase-certezas" que os média divulgam hoje com enorme aparato - Cavaco ganha à primeira volta com um nº significativo de votos - penso (e não seria a primeira vez) que, no momento da verdade, em frente ao boletim de voto, muitas coisas podem ainda acontecer.
A juventude deste país é inteligente, está inconformada, conhece o seu "peso" e sentiu, como muitas outras camadas da sociedade, que ninguém perde (ou perdeu) um minuto das suas atribuladas vidas de políticos profissionais a pensar neles.
Pode ser que me engane.
Pode ser que não.
Friday, January 21, 2011
PRESIDENCIAIS 2011 - LIXO, SÓ LIXO...
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