Wednesday, May 12, 2010

Saia e carregue no 2.

Cheguei ao aeroporto da Portela cansado. Mais de 7 horas de voo, mais de 10 horas sem fumar, muitas horas sem dormir. Vinha de Luanda onde, no embarque, as "coisas" também não tinham corrido propriamente bem... (houve um "artista" que se lembrou de me tirar da mão o passaporte (angolano), o talão de embarque e desandar pela placa dizendo coisas que para mim, não faziam qualquer sentido, sobretudo quando o avião que era suposto eu apanhar estava a recolher a escada e a fechar lentamente a porta...
Era de madrugada e a situação resolveu-se com a intervenção de duas funcionárias "avisadas" da TAP que interceptaram o tal sujeito e me reconduziram para junto do "grande pássaro"... Depois de um telefonema para o comandante do avião a justificar a presença do "passageiro que faltava" lá voltou a escada, a porta abriu-se magicamente e eu entrei. Fui mesmo, desta vez o "último passageiro"...)
Voltando a Lisboa, à Portela e aos táxis do aeroporto: Depois de percorrer a pista de atletismo em que se transformou o percurso desde a manga "atracada" à porta do avião até à "recolha de bagagens" e recolhida que foi a dita bagagem, dirigi-me para a fila dos táxis. O meu destino era Cascais, a casa da minha mãe, onde tinha deixado, guardado o carro.
Entrei no táxi que me coube (um Mercedes recente, cor de merda), cumprimentei o taxista e adiantei: _ Cascais pela A5, s.f.f.) não fosse daqueles que parte do princípio que o cliente "está numa de passeio"...
Resposta: _ Saia e carregue no 2!
Eu: hum?
O homem agravou o tom de voz: Não ouviu? ! Saia e carregue no 2!!!
Entretanto, como eu nem saía, nem estava a perceber que raio de coisa era aquela de "carregar no 2", o sujeito atravessou-se literalmente por cima de mim, deitou a mão ao puxador da porta do passageiro (eu) e, lá percebi, carregou numa das teclas que, fiquei a perceber também, regulavam automaticamente a posição do banco... O "2" fazia o dito andar para trás...
Passei-me...
Confesso que há situações onde a tolerância, a inteligência, a experiência, os instintos de auto preservação, pura e simplesmente dão lugar a uma enorme e básica vontade de "fazer miséria"...
E não aconteceu nada de menos digno porque o homem não correspondeu (felizmente, digo agora) à brutal descarga de indignação e de impropérios que nos acompanharam nos primeiros quilómetros da viagem.
E ainda bem. Já basta o que basta. Para a próxima já sei que tenho de carregar no "2", ou no "3" ou seja lá no que for...


Fotografia: Gad. Angola, 2010

1 comment:

alma said...

Nunca mais apanhe o taxi no local das chegadas :)
suba lá acima e apanhe um na zona das partidas :) nunca percebi o porquê:) mas faz toda a diferença :)))

o último táxi que apanhei na zona das chegadas obriguei-o a parar e saí na rotunda do relógio às 11h da manhã :)
deu-me uma enorme vontade de rir :)
pensar na minha triste figura ali no meio do nada com a mala às costas :)))
logo a seguir apanhei outro ...