Manuel Machado

Fotografia: Net

Há um homem que a esta hora está em coma induzido.
Por erro ou negligência de um médico, dois médicos, os que forem...
Esse homem entrou num hospital em Lisboa para se submeter a uma simples operação.
Por erro ou negligência de um médico, dois médicos, os que forem as "coisas" correram mal...
E, agora, neste preciso momento, esse homem está em coma. Induzido. Pelos médicos. A família e os amigos estão, desde que esse homem foi induzido em coma, a sofrer, muito, mesmo.
A ordem dos Médicos proibiu os seus membros de se pronunciarem sobre a operação que esteve na origem da infecção generalizada que fez com que esse homem tivesse de ser sujeito ao coma induzido.
Porque, desse modo (fascista) impede os médicos de dizer asneiras impedindo-os simultaneamente de dizer a verdade.
Curiosamente, apesar do drama e do escândalo, os noticiários pouca ou nenhuma importância dão ao caso desse homem que, sem saber como, está agora em coma induzido.
E, nem o acaso de esse homem ser um treinador de futebol faz esquecer o filão de ouro das notícias sobre as sucatas e os sucateiros que, afinal, são aqueles que fazem com que casos humanos como o desse homem não tenham, nos media, importância nenhuma. E, fora dos media, muito menos...
Porque, ao contrário do destino previsível dos grandes sucateiros com a "Face Oculta", o futuro desse homem, em coma induzido, depende pouco dos homens.
Eu já pouco acredito nos homens e muito menos naqueles que, por profissão, se acham senhores do destino de outros homens muito mais merecedores do ar que respiram do que eles.
Salvo, salvo sempre, as honrosas e cada vez mais raras excepções.
Para o homem a que me refiro só desejo que acorde desse coma que lhe foi induzido e que viva. Porque, apesar de tudo ainda vale a pena.