Tributo a Robert Enke
Quando acontecem casos como o de Robert Enke, a sociedade deita as mãos à cabeça num gesto que tem tanto de espanto como de hipócrita.
Espanto, porque "não é suposto" um jovem de 32 anos, com tudo (aquilo que as pessoas geralmente ambicionam) para ser feliz, um dia, escrever uma carta dirigida à família e aos médicos, a pedir desculpa, meter-se no carro, parar numa linha de comboio e esperar pelo impacto fatal da pesada máquina em movimento.
Hipócrita, porque a sociedade não entende a depressão como uma doença assassina nem os deprimidos como pessoas que carregam, quase sempre sozinhos, uma cruz demasiado pesada, a cada dia que passa, mais insuportável.
A depressão é a "doença do século". Faz parte das doenças "invisíveis" cujos efeitos para o exterior são muitas vezes catalogados por lugares comuns como o "mau feitio", "a arrogância" ou "o intratável". Os amigos e até os familiares afastam-se frequentemente cavando, sem o saberem, cada vez mais, o poço escorregadio chamado depressão.
Robert Enke tinha tudo... tinha acesso aos melhores médicos. Tinha um "futuro" também, aos olhos dos outros.
Aos seus olhos, já não tinha nada.
Nada que o tirasse da apatia mórbida em que aparentemente vivia. Nenhuma motivação que o fizesse acordar num dia qualquer, com outro estado de espirito que não fosse o de por fim ao calvário em que vivia.
6 comments:
pungente
É TUDO VERDADE !
Obrigado Alma! É sempre um prazer a tua "companhia".
Obrigado Jraulcaires. Volta sempre!
muito obrigada
:))gosto de passar por aqui ...
continuação de um bom trabalho :)
adoro este blog. As fotografias são de artista.
É triste...Sei bem o que é isso e pergunto-me vezes sem conta do porquê que as vitimas nos momentos menos depressivos, nao recebem mais ajuda evitando que seja um ciclo...
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