Thursday, November 05, 2009

O que sabes tu de mim para me olhares assim?



Vivi este momento e captei-o como vivo e capto tantos outros que muito me dizem de nós, gente, supostamente com um coração, algures, no meio de muita "tralha".
Aquele homem andava por ali, no fim de Santa Catarina, deixando o álcool bradar por si... Impropérios à vida que já nem é, gestos violentos para o ar que ainda respira.
Conheço muitos homens assim. Contaram-me o seu passado, ensinaram-me e continuam a ensinar-me os seus passados.
Muitos rejeitaram (ou foram rejeitados pela) a sociedade, desistiram. Entre a hipocrisia do quotidiano que levavam e que lhes "aprisionava a alma", dia após dia, e a incerteza das noites passadas num canto qualquer partilhado sobre mantas e jornais com companheiros tão auto-excluídos, ou marginalizados quanto eles, não hesitam, vivem uma perigosa e doentia liberdade até um dia...
Quando olho para eles não tenho pena nem tão pouco me espanto. Apenas solidariedade e uma enorme dúvida: quem me garante que, como eles, um dia, não "acabarei" assim?



"Aprender a Ver-Se"

Fotografias / Edição: Gad, 2007/2009

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