Há um ano que vejo passar este senhor pela rua onde moro, invariavelmente às 16:30 nas tardes em que fico na varanda a ver "passar a vida".Por diversas ocasiões, fotografei-o na sua rotina de ida e vinda ao "Mini-Preço" para as compras do dia.
Contudo, havia nele algo que me intrigava; o andar pesado, o semblante triste e sobretudo os passos mecânicos de quem cumpre um ritual a que é obrigado. Fotografei-o em diversas ocasiões como fotográfo muita gente que passa na "minha rua".
Só hoje edito uma fotografia do Sr. João porque finalmente quebrei o muro de silêncio que entre nós existia, pontualmente subvertido por uns breves acenos, e fiquei a saber um pouco da história desse homem que tanta empatia me causava. O Sr. João, é natural de Cabo-Verde e já lá não vai há mais de 15 anos. É um homem só, apesar dos filhos (emigrantes em França), e de uma mulher de que já não quer falar. Entre palavras e retratos retive uma que ele "deixou sair" quando lhe perguntei se os filhos não lhe davam "uma ajuda"...« Não gosto que mandem em mim!... os filhos, depois de casarem mudam e já querem mandar no pai...» Foi mais ou menos assim que sr. João, de cabelos brancos e andar pesado, justificou, à sua maneira, a sua solidão mas também, para mim, a sua Liberdade...
Fotografias: Gad. Santo Amaro de Oeiras, 2009
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