Friday, October 02, 2009
E Agora?!
Fiz esta fotografia há exactamente 5 anos. Decorria a campanha para as eleições legislativas de 2004 e eu estava em Braga.
Nessa altura o "Bloco" era "pequenino", Louçã marcava a diferença pela postura séria, pela retórica inteligente, por colocar o partido que liderava como uma opção válida para a esquerda democrática menos acomodada aos "vícios" do Partido Socialista ou à ortodoxia opaca dos comunistas.
Entre os meus registos fotográficos desse dia estão alguns que ilustram bem o modo simples, quase simbólico, como a campanha do Bloco de Esquerda (B.E.) decorria na grande praça da cidade. Uma mesa posta na rua e meia dúzia de jovens com ar sofrido, mas militante, esforçavam-se por distribuir panfletos e "frases feitas" aos pacatos cidadãos que por ali passavam nessa tarde soalheira.
Entretanto o (B.E.) foi crescendo e, como uma criança que não recebeu o carinho dos pais, tornou-se agressivo, intolerante, (irrascível) e violento.
Louça perdeu a compostura e, muitas vezes, sobretudo neste último ano, fez da Assembleia da República uma espécie de palco onde, no lugar da retórica perspicaz e oportuna expeliu ódios, insinuações e insultos distintos...
Transfigurado em "Pit Bull" de Blazer, garras cravadas na nobre madeira do varandim da sua bancada, dirigiu invariavelmente a sua raiva contra o mesmo homem - Sócrates - enquanto ali e por fora não escondia patéticas piscadelas de olho a Manuel Alegre.
Na campanha eleitoral que precedeu as legislativas deste ano, nomeadamente nos debates que decorreram, entre candidatos, na televisão, Louça não teve arte nem engenho para disfarçar o indisfarçável ; as suas profundas raízes bem fundadas na extrema-esquerda.
Pior, ficou claro para quem quis ver com alguma equidistância, a utopia, quase anarquista, daquilo a que o (B.E.) tem a audácia de qualificar como "Programa de Governo".
Mas o Bloco saiu reforçado das eleições. Não por ter convencido os portugueses que nele decidiram votar mas por ter acolhido grande parte da "desilusão" dos socialistas.
E agora?!
Sócrates tem um governo minoritário e está objectivamente fragilizado.
Por certo, a menos que o "pânico" lhe apague o Sentido de Estado, o (B.E.) não fará parte das suas contas de somar...
Restam-lhe duas opções: governar em minoria e ver as suas principais reformas (e alguns dos seus compromissos já assumidos internacionalmente) chumbadas, ou (tendo como certo que o Bloco Central está fora de causa) virar à direita e alinhar com Portas.
Qualquer dos cenários é preocupante...
A ver vamos.
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