Alçado para a 'Rua Principal doSoyo Baixa da Cidade'.
foto: Gonçalo Afonso Dias*. Soyo, Angola 2008.
Em Julho de 2006, na sequência de uma das viagens de trabalho que regularmente faço a Angola aqui dei conta num post devidamente ilustrado da fase inicial da construção desta minha primeira obra de média dimensão no país onde cresci.
Se na altura regressei extremamente bem impressionado com a dedicação e o profissionalismo de todas as entidades envolvidas, desta vez, inaugurado e a funcionar o edifício, regressei feliz e agradecido por ter convivido com uma equipa solidária, atenta, disciplinada e cúmplice. E esse conceito de 'equipa' transcende e muito, neste caso, os colaboradores do meu gabinete, alargando-se a todos aqueles (desde os mais influentes aos mais anónimos) que, no local, com todas as dificuldades decorrentes da localização da obra e do contexto sócio-económico e de um país em reconstrução, deram o seu melhor para que este objectivo fosse cumprido. E foi num prazo muito razoável, reportando-me a Portugal.
Com rigor, com muita qualidade técnica e, sobretudo, humana. A todos eles é dedicada esta primeira obra que deixo em África. Ao (B.E.S.A) dispenso elogios. A enorme obra que em poucos anos implantou, desenvolveu e se tornou referencial fala por si.
Este post será completado essencialmente com imagens da obra acabada, acompanhadas eventualmente de pequenos textos ou desenhos esquemáticos, quando forem oportunos para a compreensão daquilo que é mostrado.
cheguei ao Soyo pela primeira vez, em 2005, encontrei uma cidade inserida num ambiente natural fantástico, com o enorme Rio Zaire a separá-la do Congo, serpenteando numa vegetação que , do ar, em tudo me lembrou imagens da Amazónia.
Se na altura regressei extremamente bem impressionado com a dedicação e o profissionalismo de todas as entidades envolvidas, desta vez, inaugurado e a funcionar o edifício, regressei feliz e agradecido por ter convivido com uma equipa solidária, atenta, disciplinada e cúmplice. E esse conceito de 'equipa' transcende e muito, neste caso, os colaboradores do meu gabinete, alargando-se a todos aqueles (desde os mais influentes aos mais anónimos) que, no local, com todas as dificuldades decorrentes da localização da obra e do contexto sócio-económico e de um país em reconstrução, deram o seu melhor para que este objectivo fosse cumprido. E foi num prazo muito razoável, reportando-me a Portugal.
Com rigor, com muita qualidade técnica e, sobretudo, humana. A todos eles é dedicada esta primeira obra que deixo em África. Ao (B.E.S.A) dispenso elogios. A enorme obra que em poucos anos implantou, desenvolveu e se tornou referencial fala por si.
Este post será completado essencialmente com imagens da obra acabada, acompanhadas eventualmente de pequenos textos ou desenhos esquemáticos, quando forem oportunos para a compreensão daquilo que é mostrado.
cheguei ao Soyo pela primeira vez, em 2005, encontrei uma cidade inserida num ambiente natural fantástico, com o enorme Rio Zaire a separá-la do Congo, serpenteando numa vegetação que , do ar, em tudo me lembrou imagens da Amazónia.
Vista aérea em viagem para Cabinda. Em sequência na imagem; O Congo, o Rio Zaire e o Soyo, Angola.
"Lá em baixo" percorre-se uma das regiões mais fustigadas pela guerra. "Isto foi tudo arrasado..., ficaram aquelas casas" explicou-me o meu anfitrião.
Hoje, poucos anos passados, esta cidade está em franco desenvolvimento, como quase todas as cidades angolanas. Já não é fácil conseguir terrenos como aquele onde se implantou este edifício.
E foi esse contexto social da região, e de um modo mais abrangente do País, que influenciou definitivamente as grandes opções para esta obra. Um desafio aparentemente "difícil de passar" quando o Dono de Obra é uma grande instituição bancária. Mas, não só passou como teve todo o apoio e toda a abertura da administração deste Banco. O desafio consistia em erguer um edifício digno de uma Instituição com a notabilidade desta, que fosse referencial no sítio, estruturante no lugar mas simultâneamente contido e austero..
Marcante sem ser ostensivo; sem ali "cair" como mais uma "bomba" forrada a alumínio e vidro para 'cavar' mais o fosso social tão visível como infelizmente vem acontecendo na capital onde as multinacionais importam para Angola modelos tão pretenciosos como chocantes e desadequados. Vêm de todo o lado, "caem literalmente do céu" como o mais recente condomínio de luxo em construção na Alta de Luanda, notoriamente referenciado ao estilo "novo-rico" arqueado e cor-de-rosa tão do gosto dos fãs das "Quintas" de Portugal... (Do Lago,Da Marinha, Do Patino, etc, etc.)
Mas esse é um assunto que caberá num post a tendo como mote Luanda e as consequências (pre)visíveis de um crescimento económico vertiginoso do País, não sustentado do ponto de vista do Planeamento Urbano.
Voltando atrás...
Estruturante sem ser impositivo; Num lugar com "alma" mas sem referências arquitectónicas, é um dever e uma responsabilidade abrir a porta com todo o cuidado... acreditando que quem porventura venha atrás, na ausência de indicações rígidas (plano) se sinta constrangido por não pensar no futuro da cidade. Utopia? O tempo o dirá.
Gosto de olhar para o edifício de fora e ver as pessoas a passar à sua frente. Sinto que consegui muito do que pretendia; uma determinada intemporalidade, "uma escala muito angolana" uma gramática já muito entendida por este povo.
As chapas metálicas que revestem todo o piso 0 do edifício parecem ganhar uma dignidade que não é material.
PISO 0Ocupado integralmente pela agência do Banco Espiríto Santo de Angola (BESA). No exterior, oposto à Rua Principal, junto às paredes laterais que conformam o rectângulo do edifício, localizam-se os acessos em escada aos dois apartamentos que ocupam o piso superior.Mas esse é um assunto que caberá num post a tendo como mote Luanda e as consequências (pre)visíveis de um crescimento económico vertiginoso do País, não sustentado do ponto de vista do Planeamento Urbano.
Voltando atrás...
Estruturante sem ser impositivo; Num lugar com "alma" mas sem referências arquitectónicas, é um dever e uma responsabilidade abrir a porta com todo o cuidado... acreditando que quem porventura venha atrás, na ausência de indicações rígidas (plano) se sinta constrangido por não pensar no futuro da cidade. Utopia? O tempo o dirá.
Gosto de olhar para o edifício de fora e ver as pessoas a passar à sua frente. Sinto que consegui muito do que pretendia; uma determinada intemporalidade, "uma escala muito angolana" uma gramática já muito entendida por este povo.
As chapas metálicas que revestem todo o piso 0 do edifício parecem ganhar uma dignidade que não é material.
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Vista do foyer e interlock onde se percebe a ocupação parcial do piso 1 pelo gabinete do gerente. Ao fundo a escada de acesso a esse compartimento.
Balcão com 4 postos. As letras (B) (E) (S) (A) foram recortadas nas pedra de revestimento (verde Guatemala) e podem ser iluminadas por dispositivos instalados por trás.
Corte transversal pelo eixo do edifício (corte 5).
Esclarece a ocupação pontual e 'estratégica´ de parte do piso 1 pelo gabinete do gerente,tirando partido do pé-direito duplo do foyer para obter uma visibilidade discreta sobre toda a área de clientes e balcão, assegurando, em tempo útil, o bom funcionamento da agência.
O esquema marca também (recta azul) o atravessamento visual que se tem a partir da rua, abrangendo toda a largura do edifício tornando-o, deste modo, mais apelativo e participativo na vida quotidiana dos cidadãos.
Vista captada do lado posterior ao Balcão (caixas) onde se percebe todo o enfiamento visual o espaço central da agência.
Escada de acesso ao Gabinete do Gerente e localizado no Piso 1, faixa central do edifício.
Perspectiva do Gerente, a partir do seu gabinete, sobre o 'espaço público' da agência.
Pátio Exterior
Este espaço tem acesso reservado aos funcionários do Banco e aos moradores dos apartamentos localizados no Piso 1, através de dois portões localizados nos extremos laterais do lote.Acumula duas funções distintas: Por um lado permite um acesso seguro e discreto às escadas para as entradas individualizadas dos apartamentos, já referidos, existentes no piso superior.
Por outro lado, junto ao muro que conforma o lote a Nascente (oposto à Rua Principal) alberga num só corpo, em compartimentos separados e minuciosamente dimensionados para o efeito, todas as áreas técnicas do edifício com excepção do áreas e da unidade de AVAC localizadas na cobertura. Este posicionamento (termo acumuladores) foi sendo adoptado nos últimos projectos para Angola e tem a ver sobretudo com aspectos de segurança dos moradores.
Projectar para Angola envolve um conhecimento profundo da realidade desse país em todos os aspectos. Desde os mais envolventes e "inspiradores" aos mais técnicos e limitativos; as dificuldades ainda existentes no regular e contínuo fornecimento de energia, de água, de combustíveis, a dificuldade de aprovisionamento de materiais em determinadas províncias, o grande surto de construção concentrado nas cidades mais importantes, etc.
Substituição de um gerador mal posicionado. Esta "simples" operação numa moradia em Luanda ocupou quatro homens voluntariosos e uma máquina durante uma manhã inteira e, ainda assim, não consegui evitar estragos na construção e na paciência dos proprietários...
Para quem nunca projectou com estes pressupostos um simples gerador "doméstico" pode tornar-se num "bico de obra"... É preciso ver, como se põe, como se tira, quem põe e quem tira. Tudo isso são dados do projecto.
O estreito volume foi "fechado" por uma grelha aparentemente contínua que o unifica e assegura, por outro lado, a protecção e a ventilação, sendo apenas interrompido na faixa correspondente à largura da zona pública da agência (6m.) dando lugar a um espaço ajardinado, cenário bem mais do agrado dos funcionários e utentes.
O embasamento foi feito em granito "Negro Angola"
Vista para um dos portões de acesso ao pátio /portão Sul
O Corpo técnico e de apoio aos funcionários externos à agência implantado no limite Nascente do lote.
PISO 1 - APARTAMENTOS
Na Europa, hoje, estes equipamentos são praticamente pré-fabricados. Têm uma "bitola" que os arquitectos têm de seguir, são normalmente lojas reformuladas e o que acaba por distinguir as agências de um ou de outro Banco é a "Imagem de Marca".
Em Angola, tal como noutros países as instituições bancárias definem estratégias em relação à implementação das suas agências no território. Há naturalmente uma hierarquia de escala e investimento proporcional ao contexto onde se inserem, à urgência da representação, etc.
Por outro lado, sobretudo nas províncias onde as carências são maiores, nomeadamente o alojamento, a situação da construção de uma representação de um banco, no caso do Banco Espírito Santo de Angola (B.E.S.A.) aproxima-se programaticamente daquilo que sucedeu por volta dos anos 70, em Portugal, por exº com os notáveis edifícios/agências da Caixa Geral de Depósitos, espalhados um pouco por todo o país.O programa alargou-se e criou novas funcionalidades para suprir as carências existentes.
Tornou-se recorrente a construção alojamentos destinados a funcionários administrativos a deslocar para a região, ou simplesmente para acolher convidados de outras regiões de uma forma confortável e cordial. Pela mesma razão o edifício do BESA/SOYO acaba por ter um carácter institucional onde, entre outras funções (programáticas), alberga a principal agência desse Banco no Soyo.
PISO 1
Planta /Diagrama do Piso superior do Edifício
Corte Longitudinal
O piso 1,é practimamente ocupado pelos dois apartamentos (T2) . Não são, contudo, apartamentos iguais e simétricos. O gabinete do Gerente (e o seu acesso a partir da agência), estrategicamente localizado neste piso, proporcionou o desenho de duas tipologias com diferentes características. Enquanto o apartamento localizado a Sul (à esquerda no desenho) dá uma resposta linear ao programa funcional , já o T2 oposto, idealmente simétrico, partilha o seu limite "virtual" com o Gabinete do gerente da agência e respectivo acesso a partir do Piso.
De certa forma a disposição espacial das duas habitações acabou por fixar, naturalmente, o seu destino estando a maior vocacionada para uma habitação unifamiliar em permanência (Gerente deslocado para esta província por exº) enquanto a segunda é mais adequada para albergar estadias mais pontuais e rotativas.
O desenho do espaço interior das casas foi, contudo, idêntico e assente em alguns pressupostos que a experiência de projecto tanto em Portugal mas sobretudo para Angola, nos foi ensinando.
Desde logo assegurar o essêncial - a espacialidade, a funcionalidade, a coerência do desenho, o bem-estar de quem se presume vir a habitar o espaço projectado. Implica também, nestes casos pensar no modo de vida angolano, nosseus costumes, no contexto social de cada provincia, etc.
Depois apostar numa pormenorização que passe por opções relativamente correntes mas bem desenhadas, seguras.
Essa é porventura a maior e valia profissional adquirida em quase cinco anos consecutivos a projectar para Angola; ter criado uma certa capacidade de apostar na arquitectura sabendo à partida que não vou, nem quero usar "a mala de truques do arquitecto" como dizia, irónicamente, Vitor Figueiredo.
Gonçalo Afonso Dias, Outubro 2008
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FICHA TÉCNICA :
Promotor da Obra: Banco Espírito Santo de Angola (B.E.S.A)
Representante do promotor em obra
: Eng.º Paulo Silveira director do DAI, assistido por Neusa Mendes, Eng.
Fiscalização: Progest: Eng.º Paulo Nóbrega (Coordenador Área de Fiscalização) e Eng.º Francisco Gaspar.
ConstructoraTeixeira Duarte: Dir. Obra: Eng.º Paulo Almeida
Projecto Geral de Arquitectura: Metáfora, Arquitectos Associados, Lda.
Coordenação da equipa projectista: Arq. Gonçalo Afonso DiasColaboração: Susana Alvarez, Andreia Carinhas, Edgar Soares, Tiago Iglésias, Vanda Santos, arquitectos
Projecto de Fundações e Estruturas: Safre / coordenação: Eng.º. Paulo Freire
Projecto de Instalações Mecânicas: Instec /coordenação: Eng.º. Viegas Rodrigues
Projecto de Instalações Eléctricas, telecomunicações e Segurança: Copreng / coordenação: Eng.º. António almeida
Projecto de Infraestruturas de Águas e Esgotos: Grade Ribeiro, Lda. / coordenação: Eng.º. Grade Ribeiro
Modelação 3D: Arq. Miguel Kriphall
Acessoria e implementação de sistemas de segurança: Securitas de Angola
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