Hoje completo 44 anos de vida.
Sinto que estou também a atingir o meu limite enquanto arquitecto.
Não me apetece continuar a ser um arquitecto.
A arquitectura é hoje, para mim, uma actividade cansativa e deprimente.
Por isso é que não me apetece continuar a ser um arquitecto.
"Mal comparado", é como fazer fotografia com alguém a segurar-me na máquina...
Se calhar nem sequer é assim tão mal comparado. Porque a arquitectura está em decadência, procura sobreviver a um vazio criado pela ilusão da modernidade fácil, consumista, revisteira.
Gastos os "modelos" holandeses, suíços, franceses, ficam páginas e páginas de revistas tão gastas como "playboys" nas mãos de adolescentes...
E por cá? Francamente; para além dos indispensáveis tostões há alguma razão para continuar a (querer fazer arquitectura ?!
Recorro mais uma vez á analogia com a fotografia: Tirar é diferente de fazer...
Os "tiraprojectos" continuam a tirar. Projectos. Concursos. Com(cursos) já feitos.
E é nesta 'merda'acamada numa tetulia chamada "Ordem dos arquitectos portugueses" que acham que eu me vou 'deitar'?!
Ainda vem o Siza dizer umas "verdades" um tanto ou quanto opalinas mas válidas, mais o Souto Moura a defender a "classe" sem classe nenhuma e ele próprio, a fazê-lo sem qualquer convicção. Que tristeza.
Vêm-me à memória o Nadir Afonso e não é a primeira vez.
Conheci-o no seu "cantinho" em Chaves, e percebi sentado na sua pequena mesa, junto à janela sobre o solarengo jardim, a razão de esse senhor que conviveu com Corbusier, ter mandado "à fava" a arquitectura. Mas, atenção! Não foi a arquitectura que ele desprezou. Foi tudo aquilo que "embrulha" a arquitectura e, quer se queira quer não, faz, cada vez mais, dessa nobre arte, uma bela arte da gestão de interesses e de poderes onde a luz, o espaço e a forma são apenas palavras ôcas.