O meu amigo Pedro Pinto da Costa, subempreiteiro de Instalações Eléctricas, convidou-me para remodelar um armazém que tinha alugado, na periferia industrial de Coimbra, em Condeixa, para aí reinstalar a sua empresa de montagem de instalações eléctricas que, por ter tido um crescimento muito grande nos últimos anos já não "cabia" na sua pequena sede em Coimbra.
O desafio era interessante apesar de existirem condicionalismos que, à partida, ameaçavam inviabilizar os meus objectivos como projectista;
Não se podia alterar, de um modo definitivo, a fachada existente.
Havia, como de costume, um orçamento muito limitado para a obra e para as ambições do meu amigo (uma sede "à altura" da sua posição no mercado da especialidade, actualmente - como já referi - um dos maiores empreiteiros de instalações eléctricas da zona, e não só...)
Um prazo de projecto e obra de 4 meses...
O edifício existente (um vulgar armazém) não era melhor nem pior do que tantos outros nascidos co o mesmo destino; um "mono" constituído por duas áreas diferenciadas; uma frente de escritórios em open space e organizada em 2 pisos, virada para a rua e um enorme armazém no tardoz com portão para cargas e descargas e tudo.
Mas, o programa era relativamente complexo; zona administrativa com diversos gabinetes (sala dos directores de obra, sala da contabilidade, sala do "patrão", recepção, subdivisão parcial do armazém com uma mezzanine para aprovisionamento de materiais, etc.
A "coisa" não era fácil...Depois de alguma reflexão (o meu amigo não queria mexer na fachada nem partir lajes) fiz-lhe uma provocação em forma de desenho.
O edifício, para corresponder às suas ambições, tinha de ter uma "cara", e tinha também de ter um átrio condigno, com duplo pé direito.
Como a verba era escassa, contornámos a aparente impossibilidade económica com uma sugestão, para ele irrecusável.
Iríamos fazer tudo isso, utilizando basicamente os materiais do seu dia-a-dia e que lhe saiam quase de borla - As esteiras de cabos em ferro galvanizado próprias para o exterior.
O edifício seria remodelado por dentro (tem sempre impacto), os espaços seriam organizados racionalmente, em função da métrica já existente de pilares e janelas e só se partia um "quadradinho" da laje para dar o impacto que um átrio mais complexo sempre dá.
A Fachada , a "cara da nova empresa" era o maior desafio. Na impossibilidade de a demolir para ali criar uma outra imagem, havia que contornar esse pressuposto.
Foi assim que surgiu a ideia de justapor uma "pele" (teoricamente amovível) que fosse, nesse pressuposto, aceite pelo dono do edifício.
Da construção e da direcção da obra encarregava-se o promotor e encarregou-se aplicadamente, cumprido satisfatoriamente toda a pormenorização feita.
O espaço de armazém foi estudado por forma a organizar corredores por materiais e a tornar prático o seu acesso
Por incrível que ainda hoje me pareça, ficou tudo pronto (projecto e obra) não em 4, mas em 5 meses e a inauguração foi à séria no dia 6 de Março de 2005!
Faltam como é normal ainda umas pequenas coisas, que o meu amigo prometeu fazer (a pala da entrada e umas algumas rectificações, sem grande importância, no interior.
Depois dos enchidos, do leitão e do tinto que animaram a concorrida estreia, todos ficámos satisfeitos. A equipa projectista, o dono da obra, os convidados, etc. E regressámos a casa!
3 comments:
muito bom!
isto sim, ARQUITECTURA!
Excelente abordagem parabéns.
é um projecto interessante, low-cost e eficiente. O prazo de projecto + obra é incrível e nada usual aqui em Portugal e isso só demonstra a metodologia de projecto e a capacidade para responder a problemas concretos. A ideia da fachada tornou-se bastante eficiente pelo facto de ser feita através de componentes usados pela empresa logo torna a obra mais barata e com alguma imaginação consegue-se criar uma imagem interessante. O átrio também ganhou bastante com a dupla altura!
É essencial mostrar que o edifício é bastante mais interessante do que aquilo que poderíamos estar à espera neste tipo de edifícios e que aqui foi conseguido
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