Saturday, March 17, 2012

A Roda, o "Olhares", os Clichés e outras coisas mais...





Fotografia: Gonçalo Afonso Dias






Simples, sem pretensões ...

Para muitos cientistas, a roda é o maior invento de todos os tempos.

Acredita-se que seus inventores foram os povos que habitavam a antiga Mesopotâmia, atual Iraque, acerca de 5.500 anos atrás, porém seu uso no neolítico era meramente pelos oleiros para fazer instrumentos de barro a exemplo da ceramica; a primeira roda para uso vertical num veículo de tração animal foi encontrada nos Montes Zagros centrais, possivelmente pertencente a povos proto-arianos em expansão pela região, pouco a norte de Elam.

Foi originada do rolo (um tronco de árvore). Mais tarde, este rolo se transformou em disco. A evolução das rodas dos automóveis se originou diretamente das rodas das antigascarruagens puxadas a cavalos, às quais eram, a princípio, idênticas. É uma mera sintetização/otimização dos rolos/troncos de arvores que inicialmente eram usados pra boiar na agua como proto-canoas que tambem foram logo melhoradas com o tempo; não se sabe porem se antes de surgirem as rodas, os proprios troncos eram usados como rodas, mas possivelmente era assim que os egipcios conseguiam deslocar suas pedras na construção das piramides posteriormente usando rampas e planos inclinados simples, porem grandiosos e altos.

A roda é também o princípio básico de todos os dispositivos mecânicos.

-----------


Inseri esta fotografia plenamente consciente que pouca ou nenhuma receptividade iria ter - como muitas outras que tenho aqui publicado.
Mas fi-lo exactamente por isso.
Quem olhar para esta imagem, no contexto daquilo que são as "grandes fotografias do Olhares " poderá, legitimamente, perguntar: "mas o que é "isto" tem de relevante?!
Não é uma fotografia com "impacto", não é, tão pouco, uma imagem transcendente...
Contudo, na minha opinião (que vale o que vale - e cada vez menos) é um exercício sobre o enquadramento, o motivo e a luz.
Não sou (na fotografia, como nas restantes formas de expressão artística, um adepto da máxima "menos é mais".
Na arquitectura, por ex. o meu trabalho, renuncia claramente esse pressuposto minimalista da vida e do olhar.
Entendo que há, de facto, "coisas" muito simples que, vistas com subtileza, podem dizer muito mais do que aparentam.
O "Cliché ***" é muito mais fácil...
Todos nós o fazemos, por vezes, sem darmos por isso.
Eu tenho muitos clichés... Imagens que mesmo inconscientemente sei que resultam - porque remetem para algo já consolidado na cultura de cada um.
O Olhares é, no meu entender, um "mar de clichés".
As "GP'S", as "nossa escolha", e as fotografias do mês contribuem, em larga medida para influenciar (negativamente, digo eu) aqueles que estão a dar os primeiros passos nesta arte - independentemente do talento genuíno que têm.
Concretizando para melhor me fazer entender: Uma fotografia de um "velhote" sentado num qualquer banco de jardim, com um ar desolado, é claramente considerada uma "excelente fotografia". Mas, nos dias de hoje, é apenas e só mais um cliché.
Compete a cada um de nós reflectir sobre este assunto.
Tenho visto (vejo muito mais do que comento) fotografias notáveis e singulares neste sítio que são votadas ao esquecimento - por falta de "quórum"...
As regras deste site, por muito que as questionemos, são o que são... Na minha opinião promovem a "quantidade" em detrimento da "qualidade".
Acho deprimente que grande parte dos membros deste sítio comente e vote no estilo "copy/paste" apenas na expectativa de um retorno favorável.
Não alinho nisso e nunca alinharei.
Prefiro "gastar" 20 minutos a apreciar uma fotografia e a escrever o respectivo comentário (fundamentado, concreto) do que entrar no jogo do "digo bem de ti, e dizes bem de mim..."
A administração do "Olhares" depara-se com uma enorme dificuldade, que eu entendo - a de ter um critério justo e consensual.
É deveras difícil, não tenho dúvidas. No entanto, esta administração terá inevitavelmente de fazer algo para evitar o esvaziamento (que tem vindo a crescer) de muitos dos bons (boas) fotógrafos (as) que o têm enriquecido.
De outro modo, este lugar passará, inevitavelmente, a ser apenas mais \"um lugar comum\".


***m clichê ou cliché (do francês cliché), chavão ou lugar-comum na linguagem tipográfica diz respeito a uma matriz geralmente feita em metal cuja técnica é a mesma usada na linotipia ou anterior a essa na xilogravura, de tão aplicada em outros meios a palavra se tornou uma expressão idiomática de tudo que diz respeito a repetição seriado etc, e em alguns casos desgastou-se ou desviou o sentido se tornando algo que gera uma má interpretação em vez de dar outro efeito.

No comments: