Pelo menos 40 mil idosos portugueses não têm capacidade financeira para comprar alimentos, concluiu um inquérito realizado pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco). De acordo com o mesmo estudo, o custo dos produtos alimentares é ainda uma das razões para que não consumam refeições mais saudáveis.
Fotografia: Gonçalo Afonso Dias
O estudo, realizado entre Fevereiro e Março através de um questionário a que responderam 3400 idosos, com idades entre os 65 e 79 anos, e que será publicado na edição de Novembro da revista Proteste, concluiu que “o preço é o factor que mais decide a escolha” dos alimentos para 64 por cento dos inquiridos, seguindo-se o sabor e a qualidade dos alimentos.
Ainda de acordo com os inquiridos, 76 por cento dos portugueses têm “hábitos alimentares pouco saudáveis, os quais pioram com o avançar da idade”, enquanto cerca de um quarto dos afirmou ter uma alimentação saudável. A “difícil situação económica e a falta de autonomia influenciam de forma negativa o que se come: mais de um quinto dos inquiridos indicou ter dificuldades financeiras”, acrescenta a Deco.
Os autores da investigação apuraram mesmo que três por cento dos inquiridos passou fome na semana anterior a responderem a estas perguntas. Entre os motivos que os idosos apresentam para comer mal estão os problemas dentários (35 por cento), as dificuldades económicas (24 por cento), a falta de apetite (13 por cento) e os medicamentos (12 por cento).
Partindo do princípio que uma dieta equilibrada e saudável precisa de refeições sem mais de quatro horas de intervalo, o inquérito apurou que apenas cinco por cento dos idosos seguem esta norma. Sete por cento dos inquiridos não tomam o pequeno-almoço e, em média, os idosos fazem quatro refeições diárias, o que “é pouco”. As regiões do Norte, Centro e Alentejo são as que têm mais inquiridos a “comer mal”.
No que diz respeito aos alimentos, o estudo apurou uma preferência pela carne em detrimento do peixe, uma opção “pouco saudável”. “O custo do peixe é um dos factores que explica esta opção”, lê-se no estudo.
O inquérito revela ainda que, principalmente nos homens, os idosos bebem mais álcool do que deviam: mais de dois copos por dia, o que “é excessivo”. Também em demasia se encontra o consumo de doces, já que 70 por cento indicaram que os comem, pelo menos, duas vezes por dia.
Este estudo foi realizado a propósito do Dia Internacional dos Idosos, que se assinala quarta-feira.
Fonte: "O Público"
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