Tuesday, June 29, 2010

DENÚNCIA - Adenda ao post anterior

A noite costuma ser boa conselheira. Porém, desta vez acordei mais indignado com a situação anteriormente relatada do que supunha.
É evidente que, num país "retardado" em todos os sentidos, como Portugal, não se pode esperar que um agente da polícia, mesmo sendo "Agente Principal" leia algo mais do que "A Bola" ou "O Record".
Impensável será, por isso imaginar esse mesmo agente, nas bancas de uma livraria a folhear revistas ou livros de fotografia, artes plásticas ou arquitectura.
Mas há mais países.
E há outras polícias.
Policias que, quando se dirigem a qualquer cidadão, seja lá por que motivo for, o fazem educadamente, identificando-se, cumprimentando e pondo-se depois a par do sucedido num tom neutro.
Provavelmente nesses países essas polícias são instruídas a lidar com os cidadãos como pessoas, em primeiro lugar e não, como por cá acontece vulgarmente, como prováveis infractores de Leis, muitas das quais mal conhecem.
E faz toda a diferença. Há países onde as pessoas vêm no polícia uma ajuda, um parceiro; noutros, algo a evitar...
Quanto a mim não farei certamente como Gérard Castello - Lopes, esse enorme fotógrafo que marcou para sempre a nossa história da imagem fotográfica; Deixou de fotografar pessoas na rua quando foi detido, nos idos anos 50/60 ao ser detido por um polícia por estar a fotografar um mendigo. Tempos que fazem suspirar de nostalgia o agente principal Hugo Santos da Divisão da PSP de Oeiras.
Não o farei. Os tempos são outros embora já "tivessem parecido mais outros". Não abdico dos meus direitos, da minha actividade artistica em nome da tacanhez, da ignorância, da iliteracia e de ideias neo-fascistas.
Por mim, pelos meus filhos e sobretudo pelo meu pai, Carlos Afonso Dias, companheiro de Gérard na fotografia e em muitos pensamentos.


Fotografia: GAD. Santo Amaro de Oeiras, 2010

2 comments:

jraulcaires said...

Bom, eu também fui fotografar um edifício e acabei investigado pela judiciária como suspeito de pedofilia....

jraulcaires said...

Peço desculpa. O que disse é verdade. Na altura fui interpelado por um GNR e nem sequer dei importância ao incidente. Que o edifício ficava perto de uma escola, etc...

Dos problemas que existem, que existem, todos conhecemos, à ineficiente formação dos agentes (caramba, se eu fosse pedófilo ia, à vista de toda a gente, fotografar criancinhas à porta da escola? - e nem sequer era isso que eu estava a fazer...) até descambarmos numa espécie de paranoia securitária, vai um passo....