Gonçalo Afonso Dias, 01-2013
Aguarela sobre papel
Deste lado da vida há uma espécie de névoa, uma auréola de quase penumbra que me afasta do sol; às vezes perde-se a vista, perco o sentido, desvaneço-me em nevoeiro, sonhando um novo sol, desesperando nesta quase cegueira, quase não viver, quase ser uma ilha sem sol nem vida que não este viver que se esvai num dia a dia enevoado, pardo, estranho, carente de sentido.
Mas do outro lado da vida, no outro lado de mim, há um sonho que me aguarda, há um qualquer sol que não acendeu ainda a luz da paixão carnal que um dia, futuro, será real, festejando um novo mundo, o mundo de te amar.
Porque do outro lado de mim estás tu, luz que aquecerá a minha ilha deserta, o meu não ser enfim derrotado, acabado, nessa festa de luz que serás tu.Serás tu, seremos nós, seremos luz e vida, calor e fúria, amor de roupas rasgadas, tempestade de corpos que ardem, um mundo inteiro de estrelas cadentes numa dança festiva, cometas em fogo, ressurreição de planetas extintos.
Porque o outro lado de mim és tu !
(Arte Poética)
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