Friday, March 09, 2012

Emigração - O "Plano "B".



O "Plano B".

... De Brasil, de Brasília;


A emigração, a Imigração e Portugal são familiares e transversais a várias gerações.

Sobre este tema serei muito objectivo, poupando-me a teses relativamente complicadas ou a opiniões dificilmente concretizáveis em poucas palavras.

Por isso, limitar-me-ei aos factos, ao contexto da emigração nos dias que correm, e à minha opinião sobre esse paradigma.

Há distintas razões para hoje se pensar em emigrar.

Razões substancialmente diferentes daquelas que estiveram na origem dos grandes e históricos fluxos de emigração no passado.

Hoje, com o governo que temos, com a acelerada diminuição das perspectivas de futuro da generalidade dos jovens recém-formados, com a brutal percentagem de desemprego (sobretudo entre os jovens), emigrar é necessariamente o "Plano B".

As estatísticas são contundentes... os nossos "cérebros" estão a fugir deste Portugal em profundo retrocesso rumo ao obscurantismo e ao clientelismo.

Qualquer "puto" de 16 anos com "dois dedos de testa" já percebeu que aqui não tem futuro.

A "geração dos 40", enfrenta, por outro lado, um esvaziamento violento da sua condição; licenciados, com alguma experiência de trabalho e até de liderança, concorrem agora para "vagas" que nada têm a ver com as suas qualificações, capacidades ou ambições, em troca de um salário de 600€ mensais...

Contudo não é só o empobrecimento da "ex-classe média" e o seu desespero que motiva os portugueses para a procura de ambientes "mais saudáveis."

Há outras razões que foram também, no passado, razões decisivas para a emigração; as que estão relacionadas com o inconformismo, com a oposição a um estado absolutista e ganancioso, as questões políticas.

É nesse âmbito que começo a sentir-me compelido a emigrar... mais tarde ou mais cedo. Parece-me inevitável procurar um sítio onde possa respirar.

Como qualquer pessoa que pense, que ouse, também eu tenho um "Plano B".

Apesar de possuir uma dupla nacionalidade - portuguesa e angolana - Angola está, por enquanto fora das minhas conjecturas. Ir para Angola, para mim, e apesar das muitas facilidades que a condição de angolano me proporciona está absolutamente fora de causa.

Angola não é, por enquanto, na verdade, um Estado de Direito Democrático consistente. O respeito pelos Direitos Humanos é, por enquanto, em terras angolanas, uma mera abstracção, o fosso social entre os "poderosos" e o povo é uma permanente e violenta agressão.

Essa não é, portanto, mesmo em tese, uma solução viável para mim.

Há, contudo outras possibilidades teóricas; os países da Europa do Norte (ávidos de técnicos superiores), as restantes ex-colónias portuguesas (...voltamos ao mesmo...) e o Brasil.

Não conheço o Brasil. Pessoalmente, claro está.

No entanto talvez seja dos Países de Língua Oficial portuguesa o que melhor conheço. Porque tem evoluído politicamente e socialmente num sentido claramente positivo, porque tem uma economia relativamente próspera, porque é grande, diverso e rico em cultura e em ambientes.

Tenho, por isso, dedicado algum tempo a estudar esse país "irmão". Com a dedicação com que estudo muitos outros assuntos que despertam a minha vontade de conhecer melhor.

Pesquiso, leio e registo nos meus inseparáveis "moleskines". Brasil, Brasília... ou, talvez outro sítio qualquer. Imperativo para a minha sanidade mental começa mesmo a ser sair desta "terra de ninguém".










"Páginas dos meus cadernos"
Gonçalo Afonso Dias, 03-2012



Fotografia: Gonçalo Afonso Dias

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