(Fotografia: Net)
Cavaco diz que reforma poderá não chegar para as suas despesas
Publicado hoje às 17:15
O Presidente da República disse que aquilo que vai receber como reforma «quase de certeza que não vai chegar para pagar» as suas despesas, recordando que fez poupanças ao longo da sua vida.
No Porto para o primeiro de dois dias dedicados ao Norte de Portugal, Cavaco Silva foi questionado pelos jornalistas sobre o facto de poder receber subsídio de férias e de Natal pelo Banco de Portugal, tendo explicado que, «tudo somado» - o que vai receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações - «quase de certeza que não vai chegar para pagar» as despesas, recordando que não recebe «vencimento como Presidente da República».
«Tudo somado, o que irei receber do Fundo de Pensões do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Aposentações quase de certeza que não vai chegar para pagar as minhas despesas porque como sabe eu também não recebo vencimento como Presidente da República», disse.
«Mas não faço questão quanto a isso porque com certeza existem outros portugueses na mesma situação. Felizmente, durante os meus 48 anos de casado, eu e a minha mulher fomos sempre muito poupados e fazíamos questão de todos, todos os meses colocar alguma coisa de lado e portanto agora posso gastar uma parte das minhas poupanças e é por isso que eu não faço questão quanto a isso», enfatizou.
Relativamente aquilo que irá receber da Caixa Geral de Aposentações, o Chefe de Estado disse ter descontado «quase 40 anos» como professor universitário e também alguns anos como investigador da Fundação Calouste de Gulbenkian.
«Irei receber 1300 euros por mês. Não sei se ouviu bem: 1300 euros por mês», declarou, sobre a Caixa Geral de Aposentações.
Actualização (1): 21/01/2012:
Palavras de Cavaco foram um insulto aos pensionistas, diz Jerónimo
O secretário geral do PCP, Jerónimo de Sousa, classificou nesta sexta-feira as declarações do Presidente da República sobre a sua reforma como um “insulto” aos portugueses que vivem com pensões de 200 ou 300 euros.
“Houve muita precipitação, muita insensibilidade, acaba por ser um insulto a esses portugueses que têm tantas dificuldades”, afirmou.
O Presidente da República, Cavaco Silva, disse hoje que aquilo que vai receber como reforma “quase de certeza que não vai chegar para pagar” as suas despesas, recordando que fez poupanças ao longo da sua vida.
Para o líder do PCP, trata-se de um discurso “quase ofensivo” para os reformados com baixas reformas.
“Num contexto tão difícil para os portugueses, particularmente os que vivem das suas baixas reformas e pensões, sabendo que o actual Presidente da República - e não vamos agora questionar o quantitativo - beneficia de um rendimento de 10 mil euros, isso é quase ofensivo para os ouvidos e a vida desses portugueses que não sabem como é que se hão de governar com 200 e 300 euros de reforma”, sublinhou Jerónimo de Sousa.
O líder do PCP falava em Famalicão, à margem de um comício onde apelou à luta contra as medidas previstas no memorando de entendimento com a ‘troika’ e criticou fortemente o acordo de concertação social celebrado esta semana.
Actualização (2): 21/01/2012:
A SEMANA POR... NUNO SARAIVA
Pensões de miséria
Hoje35 comentários
Das duas, uma: ou Aníbal Cavaco Silva teve um lapso de lucidez, ou decidiu expor da forma mais despudorada e obscena o enorme desprezo e falta de respeito que tem pelos seus concidadãos.
Vamos, pois, aos factos. Abordado ontem por jornalistas no Porto sobre o facto de, enquanto reformado do Banco de Portugal, receber subsídio de férias e de Natal, o Presidente da República decidiu embaraçar-se primeiro e responder depois.
Disse Cavaco, cito de cor, que os 1300 euros mensais (líquidos?) que recebe da Caixa Geral de Aposentações, para a qual descontou mais de 40 anos, "ouviu bem? 1300 euros", sublinhou, "quase de certeza não vão dar para pagar as minhas despesas".
Antes de mais, a pergunta era ao pensionista do Banco de Portugal e não ao reformado da Caixa Geral de Aposentações, como, num exercício de "chico espertice" tipicamente lusitano, o Presidente da República quis deliberadamente conduzir a resposta, omitindo aquilo que, nem duas horas depois, lhe caiu em cima: a declaração de rendimentos entregue a 14 de dezembro de 2010 no Tribunal Constitucional, aquando da sua recandidatura à Presidência da República, em que publicita como é de lei os euro140 601,81 auferidos anualmente em pensões.
Mas, ultrapassado este pormenor, atenhamo-nos ao essencial. Num país em que o número de desempregados ultrapassa os 600 mil, em que o salário médio líquido não chega aos 800 euros, em que o número de pensionistas que recebem abaixo do ordenado mínimo nacional ultrapassa o milhão de portugueses, é no mínimo aviltante ouvir um Presidente da República dizer que os 1300 euros mensais - mesmo que esta seja apenas uma pequena parte do bolo total legitimamente auferido - que recebe da Caixa Geral de Aposentações - "ouviu bem? 1300 euros" - "quase de certeza não vão dar para pagar as minhas despesas".
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Hoje35 comentários
Das duas, uma: ou Aníbal Cavaco Silva teve um lapso de lucidez, ou decidiu expor da forma mais despudorada e obscena o enorme desprezo e falta de respeito que tem pelos seus concidadãos.
Vamos, pois, aos factos. Abordado ontem por jornalistas no Porto sobre o facto de, enquanto reformado do Banco de Portugal, receber subsídio de férias e de Natal, o Presidente da República decidiu embaraçar-se primeiro e responder depois.
Disse Cavaco, cito de cor, que os 1300 euros mensais (líquidos?) que recebe da Caixa Geral de Aposentações, para a qual descontou mais de 40 anos, "ouviu bem? 1300 euros", sublinhou, "quase de certeza não vão dar para pagar as minhas despesas".
Antes de mais, a pergunta era ao pensionista do Banco de Portugal e não ao reformado da Caixa Geral de Aposentações, como, num exercício de "chico espertice" tipicamente lusitano, o Presidente da República quis deliberadamente conduzir a resposta, omitindo aquilo que, nem duas horas depois, lhe caiu em cima: a declaração de rendimentos entregue a 14 de dezembro de 2010 no Tribunal Constitucional, aquando da sua recandidatura à Presidência da República, em que publicita como é de lei os euro140 601,81 auferidos anualmente em pensões.
Mas, ultrapassado este pormenor, atenhamo-nos ao essencial. Num país em que o número de desempregados ultrapassa os 600 mil, em que o salário médio líquido não chega aos 800 euros, em que o número de pensionistas que recebem abaixo do ordenado mínimo nacional ultrapassa o milhão de portugueses, é no mínimo aviltante ouvir um Presidente da República dizer que os 1300 euros mensais - mesmo que esta seja apenas uma pequena parte do bolo total legitimamente auferido - que recebe da Caixa Geral de Aposentações - "ouviu bem? 1300 euros" - "quase de certeza não vão dar para pagar as minhas despesas".
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2 comments:
1300 € por mês e um processo disciplinar arquivado pelo amigo Deus Pinheiro por faltar às aulas que era suposto dar para ir dá-las na Católica. Mas gostei de ouvir dizer que sempre foi poupadinho: sempre me lembrou outro Professor e Doutor de finanças de triste memória...
De facto. É o Cavaco na Terra e o Salazar no Céu (O Inferno seria bom demais para ele...)
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