Friday, April 27, 2012

O meu pai teve um !



Fotografia: Gonçalo Afonso Dias

Um Ford Anglia de 1949, impecável, estacionado numa rua do Porto.

« O automóvel como forma simbólica» - "Diz-se que a indústria não nos vende somente um produto, um objecto, mas também uma ideia, um sonho, uma concepção do mundo, um distintivo da nossa condição social para usar na lapela. Uma embalagem de luxo, uma "cosmética" sofisticada para um objecto que se oferece, do mesmo modo que sugere uma apreciação da pessoa a quem a oferta se destina, classifica-nos simultaneamente junto dela. A publicidade tende a fazer-nos acreditar que adquirir aquele determinado tipo de automóvel, um dos objectos-símbolo por excelência , é como pendurar um diploma de curso à porta de casa.

A cilindrada do automóvel, a sua carroçaria, o seu "design" são outros tantos indicativos e mensagens do nosso sucesso no mundo.

E é também isto que a publicidade vende.
No preço "chave na mão" está incluída a aventura romântica, a facilidade da conquista, mas também a eficiência e o valor da técnica, o prestígio, a agressividade, o luxo.

Também em relação ao automóvel, como já vimos em relação a todos os objectos em geral, o pormenor pode ser muito importante. O pormenor da roda e do guarda-lamas, aqui, não é só característico de uma maneira de construir, do estilo de uma época, como, precisamente por isso, descritivo e revelador, que pode ser usado - tal como acontece na fotografia de publicidade, de moda e na reportagem - como expediente linguístico destinado a dar, com grande eficácia comunicativa, a parte pelo todo.»
in: " A Fotografia" - Antonio Arcadi. Edições 70. 







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