Fotografias: Gonçalo Afonso Dias
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Friday, November 30, 2012
Friday, July 20, 2012
Revolta no Aeroporto
Vou aqui contar e ilustar uma "história" que fala de discriminação, de negligência e de falta de humanidade.
Era segunda-feira, dia 16 e eu estava no Aeroporto de Lisboa. Já era noite.
A dada altura apercebi-me de um enorme burburinho que foi crescendo de intensidade até se tornar numa gritaria.
Olhei para o sítio de onde vinha essa estranha exaltação e vi um grupo grande de africanos, com idosos e muitas crianças - uns 50 no total - embrulhados numa altercação com os funcionários da TAP. Dois polícias assistiam sem intervir.
Pensei que fossem angolanos... era hora de voo para Luanda.
Tinha comigo a EOS 50D com uma 18-200 e um caderno de apontamentos que sempre me acompanha.
Abordei um dos primeiros do grupo e perguntei em "angolanês" _ Qual é a Maka?
Respondeu-me em francês. Tratava-se de um grupo de cidadãos originários do Mali, a residir em Paris e que iam (pensavam eles) de férias para a sua terra.
A TAP anulou o voo, já no dia anterior, sem lhes dar qualquer satisfação credível...
Queriam mandá-los para um hotel por um tempo indeterminado (talvez dois dias, sem qualquer garantia de verem o problema resolvido). Não aceitaram, queriam uma resposta, queriam voltar para Paris... Dali não saíam.
Os funcionários da TAP não percebiam o que eles diziam e tratavam-nos com desdém "se não querem ir dormem aí !" - ouvi, várias vezes exclamarem.
As crianças iam-se entretendo mas os adultos estavam profundamente revoltados e exaltados.
Mostrei-lhes a minha solidariedade e dispus-me a ajudá-los.
Entretanto um dos polícias abordou-me "não nos pode tirar fotografias, disparou. "Bem sei, sou um cidadão informado!, retorqui.
Percebi então que me tinham tomado por um jornalista... aproveitei a deixa e desatei a fotografar enquanto tentava contactar uma estação de televisão.
Estiquei o ISO quase ao limite... Estiquei os nervos, a revolta e a vergonha de assistir a uma situação tão degradante num país que se diz civilizado.
Das estações de TV a quem falei apenas uma (a TVI) me deu uma resposta vaga "quando tivermos uma equipa disponível vamos ver o que se passa"...
Eu sabia que a presença dos media ajudaria e muito a resolver aquela injustiça e insisti.
Liguei para a TSF. Atendeu-me um conhecido jornalista a quem relatei o que se estava a passar. Finalmente alguém reagiu! Mandou de imediato um colega ao aeroporto e as coisas aparentemente ficaram resolvidas.
As pessoas acalmaram-se e chegaram a um acordo com a TAP. Não sei exactamente qual, saí de "mansinho" quando me apercebi que o queria fazer estava feito.
Fotografias: Gonçalo Afonso Dias, Lisboa 07/2012
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Friday, July 13, 2012
Thursday, July 12, 2012
Desta vez correu bem...
Fotografia: Gonçalo Afonso Dias
Benguela, Angola, 07/2012
Fotografar é proibido em qualquer aeroporto do Mundo. Todos o sabem e eu também. Fazê-lo num aeroporto em Angola para além de proibido é perigoso…
Contudo as fotografias acontecem primeiro na nossa cabeça e, por vezes, torna-se um imperativo fazê-las.Perante este cenário na sala de espera do Aeroporto de Benguela avaliei os riscos, lembrei-me dos vários incidentes que já vivi (por ser teimoso) mas não resisti ao impulso…
Levantei a pequena G12 – o homem fixou-me com cara de poucos amigos – e disparei.
Depois, acenei-lhe… ele correspondeu.
Desta vez correu bem…
«Adoro aeroportos um pouco à semelhança do meu gosto pelas Áreas de Serviço nas Auto-estradas.São ambos locais de passagem fortuita. Aí a solidão sente-se de uma forma diferente, o tempo passa-se a observar... os outros.
Em Espanha, em Pontevedra, fui preso e espancado em 2005, por supostamente ter fotografado as instalações do Comando da Guardia Civil, o que, no julgamento se provou ser falso... Um processo kafkiano que me desgastou durante dois longos anos onde não podia, tão pouco, entrar naquele país.
Em Portugal já não tenho conta dos incidentes (e acidentes...).
Em Angola também já passei muito... Uma vez, fui detido no Huambo por alegadamente ter fotografado crianças pobres "para levar para o estrangeiro"...
Mas nada me demove. Considero esses riscos como parte da paixão pela fotografia das realidades. A adrenalina é também uma droga... preciso dela para fotografar.» (GAD)
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Chagas de Salitre
Fotografia: Gonçalo Afonso Dias
Lobito, Angola, 07/2012
Chagas de Salitre
de
Ruy Duarte de Carvalho
Olha-me este país a esboroar-se
em chagas de salitre
e os muros, negros, dos fortes
roídos pelo vegetar
da urina e do suor
a carne virgem mandada
cavar glórias a grandeza
do outro lado do mar.
Olha-me a história de um país perdido:
marés vazantes de gente amordaçada,
a ingénua tolerância aproveitada
em carne. Pergunta ao mar,
que é manso e afaga ainda
a mesma velha costa erosionada.
Olha-me as brutas construções quadradas:
embarcadouros, depósitos de gente.
Olha-me os rios renovados de cadáveres,
os rios turvos de espesso deslizar
dos braços e das mãos do meu país.
Olha-me as igrejas restauradas
sobre ruínas de propalada fé:
paredes brancas de um urgente brio
escondendo ferros de educar gentio.
Olha-me noite herdada, nestes olhos
de um povo condenado a amassar-te o pão.
Olha-me amor, atenta podes ver
uma história de pedra a construir-se
sobre uma história morta a esboroar-se
em chagas de salitre.
Ruy Duarte de Carvalho (Santarém, 1941 – Swakopmund, 2010) foi um escritor, cineasta e antropólogo angolano (Wikipédia)
(Fotografia: Net)
Não fotografo mendigos ou indigentes já sem dignidade, já sem a capacidade de dizer: Não!
Não fotografo "ás escondidas", sub-repticiamente, para conseguir uma imagem com impacto.
Em Angola, em Portugal ou noutra parte qualquer do Mundo procuro fotografar a verdade, com verdade. Este homem é digno. O que não é digno é o que estão a fazer dele e de muitos milhares nas mesmas condições...
Importa em fotojornalismo "não inventar realidades". A fotografia, neste caso é uma arma, pequena mas contundente, de denúncia, de critica, de protesto e, sobretudo, de solidariedade." (GAD)
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Wednesday, June 20, 2012
FOTOGRAFIA - FOTOJORNALISMO - ANGOLA / PHOTOGRAPHY - PHOTOJOURNALISM - ANGOLA
"Fotografar, sobretudo na área do fotojornalismo é, de certo modo, um acto cruel.
Os sentimentos crescem connosco, fazem-nos melhores ou piores pessoas, mais ou menos sensíveis, com maior ou menor compaixão.
O fotógrafo, em muitas situações , transforma-se num predador. Só assim é possível, em determinados momentos, registar a verdade. Depois, dependendo de cada um, chora-se. Quase sempre em silêncio, como se se carregasse uma culpa."
Esta série de 55 fotografias tem vindo a ser realizada em distintas províncias de Angola entre 2004 e 2011.
Não pretende explorar nem fazer a apologia da desgraça. Pretende apenas e só, como fotojornalismo, transmitir a realidade, sem quaisquer preconceitos ou manipulações.
"Photographing, mostly in the area of photojournalism is, somewhat, a cruel act.
Feelings grow with us, make us better or worse people, more or less sensitive, with more or less compassion.
The photographer, in many situations, morphs into a predator. Only then is it possible, in certain moments, to register the truth. Then, depending on each one, he cries. Almost always in silence, as if carrying guilt.
This series of 55 photographs has been made in various provinces of Angola between 2004 and 2011.
It doesn't pretend to exploit or make an apology for the disgrace. Just to, as photojournalism, convey the reality without any bias or manipulation.
Click Para aumentar / Click to enlarge
01
(Ondjiva, Cunene, 2009)
02
(Benguela, 2004)
03
(Caota, Benguela, 2004)
04
(Benguela, 2004)
05
(Benguela, 2004)
06
(Benguela, 2004)
07
(Luanda, 2010)
08
(Luanda, 2008)
09
(Luanda, 2004)
10
(Ondjiva, Cunene, 2009)
11
(Catumbela, Benguela, 2004)
12
(Luanda, 2010)
13
(Luanda, 2010)
14
(Luanda, 2010)
15
(Luanda, 2010)
16
(Kuito, 2010)
17
(Luanda, 2010)
18
(Saurimo, 2010)
19
(Huambo, 2010)
20
(Caota, Benguela, 2004)
21
(Malanje, 2010)
22
(Malanje, 2010)
23
(Luanda, )
24
(Saurimo, 2010)
25
(Uíge, 2010)
26
(Luanda, 2010)
27
(Luanda, 2010)
28
(luanda2010)
29
(Luanda, 2010)
30
(Malanje)
31
(Huambo, 2009)
32
(Benguela, 2004)
33
(Luanda, 2004)
34
(Lobito, 2004)
35
(Ondjiva, 2010)
36
(Luanda, 2007)
37
(Benguela, 2004)
38
(Huambo, 2009)
39
(Ondjiva, 2010)
40
(Huambo, 2009)
41
(Luanda, 2004)
42
(Ondjiva, 2009)
43
(Luanda, 2004)
44
(Luanda, 2004)
45
(Benguela, 2004)
46
(Huambo - casa de Jonas Savimbi, 2009)
47
(Caota, Benguela, 2004)
48
(Caota, Benguela, 2004)
49
(Luanda, 2004)
50
(Benguela, 2004)
51
(Benguela. 2004)
52
(Lobito, 2004)
53
(Luanda, 2010)
54
(Caota, Benguela, 2004)
55
(Benguela, 2004)
Fotografias: Gonçalo Afonso Dias
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